Sábado – Pense por si

Eduardo Dâmaso
Eduardo Dâmaso
04 de fevereiro de 2021 às 08:00

A canalhice sem vacina

Esta geografia da canalhice não é um acaso. Ela é determinada pelo sentimento de pertença a uma elite que está no poder e que se está nas tintas para os outros, sejam cidadãos prioritários para receber a imunização ou não

A simples enumeração dos casos já conhecidos é uma vergonha coletiva. Em poucos dias temos: autarcas que reivindicam a condição de presidentes de fundações, ou de qualquer outro tipo de instituições, detentoras de lares; presidente do INEM que se vacina a si e ao staff de burocratas e propagandistas mais próximos; diretor do INEM no Porto que faz o mesmo e dá o excedente de vacinas aos funcionários de uma pastelaria próxima onde todos devem ir tomar o cimbalino matinal; a diretora da Segurança Social de Setúbal; a vereadora do Seixal; o padre da Misericórdia de Trancoso e os órgãos sociais da Santa Casa de Bragança e da Messejana; o administrador hospitalar de Famalicão; os dirigentes de várias instituições particulares de solidariedade social. Todos eles são rostos de um mal que não tem vacina: a canalhice do abuso de poder e da gestão delinquente do poder, sempre expressa numa dupla verdade, numa dupla contabilidade e numa dupla moral.

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