A flotilha é símbolo e modus operandi de uma forma de fazer política que tem outros adeptos: viu-se nos que sobrepuseram a gritaria ao debate democrático.
A saga de um
mês da flotilha Summud, alegadamente humanitária, cumpriu plenamente a sua
missão. Do ponto de vista humanitário, era uma flotilha fake: a
proclamação expressa, levar ajuda e “quebrar o cerco” de Israel, estava longe
da intenção que outras palavras e gestos denunciam ser falsa. A quantidade de ajuda
era pífia ao ponto de não temer o auto-ridículo (houve mesmo uns pequenos garrafões
com umas caixinhas de ‘ajuda’ a serem largados ao mar) e última coisa que se
pretendia era chegar a Gaza. Quanto a quebrar o cerco, aquilo para que a
flotilha se preparava – ser intercetada por Israel para se poder queixar de ser
intercetada por Israel – foi um sucesso. Tomem-se as atitudes dos próprios como
demonstrativas: filmes declarativos a avisar “se estão a ver este vídeo é porque
o meu barco foi intercetado ou atacado”, as reuniões e vídeos em espera serena e sorridente
pela interceção iminente, os telemóveis à agua, tudo transmitido em direto e
com coreografia preparada. E “se estão a ver este vídeo é porque fui levada
contra a minha vontade para uma detenção por essas forças israelitas”, disse
Mariana. Pedindo perdão pela imputação de intenções, mas não: meteu-se no barco
para ser intercetada (numa demonstração involuntária mas total de confiança em Israel). É isso que justifica o mês no mar, longe desta pobre,
para ela, política nacional.
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