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Uma janela é um rasgão na parede que desvenda pequenas amostras do que se passa no resto do dia. É luz que entra para desenhar sombras que se mexem ao longo das horas, uma forma geométrica que atravessa a parede para manter ligado o que está dentro e fora.
SEMPRE QUE VEJO uma pessoa debruçada à janela, há uma história que está a ser contada. Alguém que decidiu olhar para fora do casulo e espreitar o que estava para além daquela moldura de vidro. Todos os dias passo por uma senhora de 80 anos que está à janela, e todos os dias a encontro de cotovelos pousados, com o mesmo ar de farol curioso, a rodar a cabeça e a afinar os olhos para tudo o que vai mexendo. Uma pessoa à janela não vê só o que está à frente dela; às vezes desembesta para sítios tão longínquos que só por sorte é que consegue voltar. As pessoas mais velhas debruçadas à janela são o património de uma rua – espreitam outras vidas, desvendam intrigas, descobrem coisas bonitas, procuram quem entra e sai do prédio, quem está doente e quem acabou de nascer; fazem a patrulha da rua sem pedirem nada em troca. São capitães de navios de vários andares. Ficam a ver o dia a passar, cheias de inveja por já não terem para onde ir, mas com ternura pelos que avançam cheios de pressa para o que ainda têm pela frente. Resistiram a ficar no sofá, cansaram-se de ficar só a ver televisão porque perceberam que ali ao menos ainda as olham de volta. À frente da televisão são invisíveis – os olhos que olham para elas, são olhos que não as vêem. À janela vestem fardas e são funcionárias delas próprias. Organizam turnos, sabem qual a melhor hora para voltar ao posto, e qual a hora em que podem voltar para dentro e recolher para onde está mais escuro e quieto. As janelas são promessas rectangulares de esperança. Crianças que desenham palavras no vidro embaciado, animais que espreitam ansiosos pelo regresso de quem os passeia, vizinhos que cumprimentam quem passa, pessoas que esperam sabe-se lá o quê, sabe-se lá quando.
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A escola é um espaço seguro, natural e cientificamente fundamentado para um diálogo sobre a sexualidade, a par de outros temas. E isto é especialmente essencial para milhares de jovens, para quem a escola é o sítio onde encontram a única oportunidade para abordarem múltiplos temas de forma construtiva.
O humor deve ser provocador, desafiar convenções e questionar poderes. É um pilar saudável da liberdade de expressão. Mas quando deixa de ser crítica legítima e se transforma num ataque reiterado e desproporcional, com efeitos concretos e duradouros na vida das pessoas, deixa de ser humor.