NO MEIO DA NOSSA desorientação com a falta de teto eleitoral do Chega, várias explicações a quente apontam as razões do costume para os 58 deputados de Ventura: há a tese do abandono das pessoas pelos partidos e a teoria de que muita gente perdeu a vergonha de assumir posições antes consideradas politicamente incorretas; há quem aponte o erro do frentismo radical do PS ao lado da esquerda dura e quem lembre que as pessoas que votam Chega estão zangadas e/ou têm menos instrução (os deplorables à portuguesa). Estas teses terão o seu peso, mas é útil apontar outra coisa menos notada, com impacto já nestes resultados e, potencialmente, no futuro: a viragem do Chega para um discurso iliberal na economia.