UMA AMIGA ITALIANA fez-me notar há meses uma diferença entre os dois tipos de populismo radical que nos últimos anos conquistaram o poder em Itália. Giorgia Meloni, a atual primeira-ministra, vem de uma carreira na política que lhe deu conhecimento sobre as engrenagens do poder. A minha amiga, gestora com um passado de consultora da McKinsey, não votou Meloni (“not my cup of tea”), mas não se assustou com ela. Afinal, já tinha visto o Movimento Cinco Estrelas (M5S), de Beppe Grillo, que liderou a formação do Governo em 2018 após um crescimento meteórico. O M5S “não tinha ninguém no partido que soubesse o que estava a fazer, nem como funcionam os ministérios – e isso assustava”, disse.