Cumpria os rituais sociais com o indispensável, não mais do que o indispensável, e voltava cedo a casa para continuar o projecto. Conheciam-se-lhe conhecidos, não amigos. Colegas do infantário, da escola, de catequese, de urgências. Entre uns e outros só havia um mais chegado ao pêlo, à pele, à carne, ao sangue, o Rodésio, missionário do horror na infância, na adolescência, na maior idade da violência. De valor inestimável, o Rodésio, para a compreensão precoce do que é um medo que nos ama furiosamente, que chega na hora certa de durar uma vida, que acerta em cheio no homem que acorda por acaso no dia seguinte, madrugada alta ou manhã vazia, tanto faz, é sempre suficiente para recomeçar a esbracejar contra um eco, um cheiro, um gosto a ferida fora de prazo e empratada na língua com acompanhamento 4 staggione, sugestão do chef que também realiza, produz e encena pesadelos sensíveis ao toque de sino que é estalar mais um incisivo recente ao abocanhar a manhã na mesa de cabeceira, exactamente como fez o "definitivo", a alcunha secreta do Rodésio, dador universal de sangue alheio que respeitava religiosamente os dentes de leite.