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É estranho que, nas inúmeras e longas reflexões que vejo serem realizadas sobre a quebra de resultados escolares das crianças e adolescentes em indicadores internacionais ou em provas de aferição, raras vezes se discutam os níveis de bem-estar e o impacto que têm no seu envolvimento, motivação, nas aprendizagens e no seu desempenho.
A expressão é feia, mas útil. Foi recuperada também a partir da recente vitória de Trump nas eleições americanas, mas fundamentalmente porque existe um movimento que, um pouco por todo o Mundo e com especial ênfase na Europa, tem conduzido a que mais vozes e partidos iliberais e autoritários ganhem relevância no espaço público e capacidade de influência e decisão nos governos locais, nacionais e supranacionais. Refiro-me à expressão "The economy, stupid" [A economia, idiota], cunhada por James Carville, quando a distribuiu pela sede de campanha de Bill Clinton, aquando da sua candidatura às presidenciais de 1992, procurando que todas as pessoas envolvidas com a candidatura tivessem presente a todo o tempo que a economia, o seu estado e as propostas apresentadas nesse âmbito seriam o factor fundamental de decisão das eleitoras e dos eleitores. Clinton ganhou e a expressão perdurou.
Talvez 32 anos depois, em 2024, Carville lhe acrescentasse uma relevante palavra – percepção. Mais decisivo que o estado da economia, é a percepção pelas pessoas do estado da economia. E, acrescento eu, mais decisivo que o estado da economia e do que a percepção do estado da economia, embora significativamente impactada por estas dimensões, é a avaliação que cada pessoa faz da sua vida, do seu bem-estar e, particularmente, a comparação que faz entre o que sente e o que sente que poderia sentir e entre o que sente e o que sente que outras pessoas sentem. Confuso? Digo de outra forma: o bem-estar que sentimos e o resultado de o compararmos com uma ideia de bem-estar ideal nosso. O bem-estar que sentimos e o resultado de o compararmos com o nível de bem-estar que intuímos que outras pessoas sentem.
Creio que estes dois elementos são vitais à compreensão do movimento que atrás descrevo e que, como refiro, teve um impulso significativo com o expressivo resultado das recentes eleições nos EUA. Não apenas quem vota/votou está à procura de ganhos de bem-estar para si, aproximando-se do que imagina como sendo o seu bem-estar potencial, como está à procura alterações no resultado da comparação que fazem com outras pessoas, pessoas que algumas sentem não merecer o nível de bem-estar que aparentam. Daqui resulta que existirão pessoas que estarão até disponíveis para que o seu nível de bem-estar não aumente desde que a diferença face a outras e outros possa aumentar.
Indo um pouco mais fundo no conceito de bem-estar podemos, creio, perceber que o seu alcance vai além da dimensão da economia, tocando dimensões que estão, hoje, particularmente desafiadas quer por desafios societais mais globais, quer por alterações sociais e demográficas profundas. Em Maio de 2022 escrevi nesta rúbrica um artigo intitulado"O bem-estar em todas as políticas"onde, para reflectir sobre como o bem-estar deveria estar presente, informar e ser objecto prioritário de todas as políticas, parto do Índice de Bem-Estar da OCDE.
Índice que demonstra o quão complexo e impactante é o bem-estar quando, para responder à pergunta chave do indicador - "como vai a (sua) vida?" – reúne 11 dimensões que são centrais na forma como pensamos um lugar, uma cidade, um país e logo a sua governação: acesso a cuidados de saúde de qualidade; conciliação entre vida pessoal e profissional; condições de habitação; educação e formação; envolvimento cívico e participação democrática; percepção de satisfação com a vida; qualidade do meio ambiente; rendimento; segurança; suporte e conexão social; e trabalho e emprego de qualidade.
Ora, por mais contraintuitivo que possa parecer, porque em parte dos países do Mundo se tem hoje acesso a um conjunto de elementos que poderiam apontar a um caminho triunfante no sentido de maior bem-estar, a forma de análise que atrás descrevo e as comparações que gera, tem provocado estagnação, por vezes quebra e, principalmente, o enraizamento de uma percepção de que as novas gerações, particularmente em alguns países da Europa e nos EUA, enfrentarão um declínio nestes indicadores. Esta percepção é, por si só, geradora de stresse e angústia, mas, também, de raiva e ressentimento, hoje emoções apontadas por estudos de opinião como profundamente preponderantes na tomada de decisão política e na escolha de pessoas/partidos, particularmente que apresentem soluções simples e imediatas para desafios iminentemente complexos e duradouros.
É por isso que é fundamental que privilegiemos a possibilidade de bem-estar e que, enquanto sociedade, nos sobressaltemos com o facto das nossas crianças e jovens – sim, as crianças e jovens em Portugal – terem hoje indicadores de bem-estar ou de saúde mental bastante piores face aos seus pares há alguns anos, pares estes hoje jovens adultas e adultos com indicadores de bem-estar ou de saúde mental bastante piores face a quem teve estas idades há já alguns anos. Mais uma vez confuso? O que quero dizer é que quando estamos preocupados, e bem, com os problemas de saúde mental na população jovem (por exemplo em estudantes do ensino superior) importa que saibamos que essas e esses jovens, quando crianças e adolescentes, tinham indicadores de saúde mental melhores face ao que as crianças e adolescentes hoje têm e que, considerando que parte significativa dos problemas de saúde mental se desenvolvem nessas idades, se nada de significativo fizermos, podemos esperar que daqui a alguns anos os problemas de saúde mental venham a ser ainda mais prevalentes na população jovem e o bem-estar por ela percebido bastante menor.
Com base nestes indicadores é estranho que, nas inúmeras e longas reflexões que vejo serem realizadas sobre a quebra de resultados escolares das crianças e adolescentes em indicadores internacionais ou em provas de aferição, raras vezes se discutam os níveis de bem-estar e o impacto que têm no seu envolvimento, motivação, nas aprendizagens e no seu desempenho. Nos resultados escolares como nos níveis de práticas agressivas e violência, na não-autonomia, na não-participação cívica, nas dificuldades em pensar e construir projectos de vida e com mais exemplos poderíamos continuar.
Na verdade, aqui e ali, no Mundo ao redor, a possibilidade de bem-estar e a geração de oportunidades de mais bem-estar individual e social para todas as pessoas é essencial para pensarmos os desafios do presente e do futuro. Impõe-se, nesse sentido, que contribuamos e advoguemos por uma nova centralidade do bem-estar sob pena de entrarmos mesmo num ciclo que confirme o tal declínio nas gerações presentes e futuras que algumas pessoas percepcionam e/ou preveem.
Fazer a nossa parte depende de os cumprirmos, através das nossas acções, contributo para acções de quem nos rodeia e para instituições que assentem nesses valores e que tenham a confiança da população para os prosseguirem, mesmo nos períodos em que isso possa ser mais difícil e desafiante.
Ferramentas simples como programar envios de emails ou de outras comunicações ou agendar reuniões onde se parte de um memorando já feito ajudam a "despacharmos" trabalho e são um importante contributo que, se todos adoptássemos mais, apoiaria significativamente a possibilidade de conciliação de todos
É estranho que, nas inúmeras e longas reflexões que vejo serem realizadas sobre a quebra de resultados escolares das crianças e adolescentes em indicadores internacionais ou em provas de aferição, raras vezes se discutam os níveis de bem-estar e o impacto que têm no seu envolvimento, motivação, nas aprendizagens e no seu desempenho.
Os EUA e os seus períodos eleitorais nos últimos anos, particularmente os três que envolvem Donald Trump, são um profundo exemplo do impacto da empatia.
Quem, com mais alguns anos que eu ou mais ou menos da minha idade, assistiu à emergência do fenómeno das televendas, não esquece os inúmeros e pomposos anúncios a produtos que prometiam mudanças profundas da nossa vida.
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Queria identificar estes textos por aquilo que, nos dias hoje, é uma mistura de radicalização à direita e muita, muita, muita ignorância que acha que tudo é "comunista"
Até porque os primeiros impulsos enganam. Que o diga o New York Times, obrigado a fazer uma correcção à foto de uma criança subnutrida nos braços da sua mãe. O nome é Mohammed Zakaria al-Mutawaq e, segundo a errata do jornal, nasceu com problemas neurológicos e musculares.
O poder não se mede em tanques ou mísseis: mede-se em espírito. A reflexão, com a assinatura do general Zaluzhny, tem uma conclusão tremenda: se a paz falhar, apenas aqueles que aprendem rápido sobreviverão. Nós, europeus aliados da Ucrânia, temos de nos apressar: só com um novo plano de mobilidade militar conseguiríamos responder em tempo eficaz a um cenário de uma confrontação direta com a Rússia.