Sábado – Pense por si

Pedro Duro
Pedro Duro
07 de março de 2019 às 11:57

O comboio

As minhas primeiras memórias de praia são indissociáveis do comboio, nessa mesma linha de Cascais, de dinheiro contado para os bilhetes, farnel preparado e os inevitáveis escaldões da senhora minha mãe.

É o primeiro de que me lembro. Na linha de Cascais, lá íamos nós à peregrinação das amigas – avó, mãe e filha. Saíamos da estação em Paço de Arcos e entrávamos naquela casa onde me sentia um estranho. Um estranho ao passar naquele vislumbre de quarto, de lamparina acesa de um altar doméstico, que conferia mistério suficiente ao único rapaz numa casa só de mulheres, com as suas conversas, ademais, geracionalmente longínquas. Eu só queria brincar com a cadela que lhes fazia companhia, atirando-lhe uma bola. Era sol de pouca dura. Logo vinha uma das anfitriãs dizer-me que era melhor parar, porque a cadela estava a ficar "muito excitada". Cadela que obviamente nunca conheceu cão. As donas nunca deixariam. Mas eram boas amigas da minha mãe, faziam-na rir e genuinamente gostavam umas das outras, enquanto eu tentava ver "O Caminho das Estrelas" (para mim era só o Spock), sem som, porque nem era em Português. Argumentar de nada me valia.

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