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(Enviada semanalmente)
Este não é um caso novo. Há precisamente um ano, Luís Meira demitia-se da presidência do INEM depois de sucessivas insistências para resolver o concurso de contratação dos novos helicópteros.
O país está em estado de choque com o dramático caso dos helicópteros do INEM. O novo contrato, que previa a disponibilização permanente de 4 helicópteros, deveria entrar em vigor a 1 de julho mas não está a ser cumprido. Para socorrer a estas falhas, o Governo fez um ajuste direto com a mesma empresa para ativar 2 helicópteros durante 12 horas por dia e ativou os meios da Força Aérea Portuguesa. Infelizmente, isso deixa o país com apenas um helicóptero a funcionar durante a noite (ao invés dos 4 previstos). Mas, como facilmente se previa, estes helicópteros não são adequados para emergência médica, não podendo sequer aterrar nos heliportos dos hospitais, causando atrasos em emergências onde o tempo de resposta é crucial.
Este não é um caso novo. Há precisamente um ano, Luís Meira demitia-se da presidência do INEM depois de sucessivas insistências para resolver o concurso de contratação dos novos helicópteros. O primeiro havia sido lançado em janeiro de 2024, tendo apenas recebido respostas acima do valor-base e, portanto, inadmissíveis à luz da lei. Já na altura, o Governo queria que a Força Aérea ficasse com a missão de transporte de doentes urgentes, tendo esta ideia peregrina atrasado o lançamento do novo concurso para novembro de 2024. Consequentemente, este concurso só foi adjudicado em março de 2025, tendo acabado de obter o visto do Tribunal de Contas na véspera de entrar em vigor.
Há evidentes responsabilidades políticas da Ministra da Saúde, que chamou a si a tutela do INEM depois de a sua Secretária de Estado não ter conseguido nem negociar nem sequer avisar o Conselho Diretivo deste serviço de socorro da greve que poderá ter ditado a morte precoce de 12 pessoas. Em julho do ano passado, a Ministra anunciava intenções de "refundar" o INEM mas apenas em março deste ano nomeou uma "comissão técnica independente" para a estudar.
Também o recrutamento não está melhor, apesar da revisão da carreira. Se em outubro se noticiava o 2.º concurso desde 2016 com mais candidaturas – mais de 800 para 200 vagas, neste momento já apenas 167 candidatos se encontram em formação. Isto afeta consequentemente a capacidade de resposta das ambulâncias. Na noite mais movimentada do ano, foi noticiado que a cidade do Porto tinha apenas uma ambulância disponível e Lisboa tinha três das 20 que precisava. Este é, infelizmente, um problema que persiste e não se limita aos dias festivos.
Este não é um drama limitado ao INEM. Muito poderia ser dito sobre a Proteção Civil onde, felizmente, nos vale a coragem de milhares de soldados da paz de norte a sul do país. Assim será ao longo desta época de incêndios, onde o país se compadecerá da tão típica quanto temporária solidariedade com os bombeiros, como também é em relação a outras emergências.
O caso do apagão de 28 de abril foi, sobre isso, paradigmático. Tendo começado pelas 11:30, o Governo só decidiu enviar uma mensagem aos portugueses já passava das cinco da tarde. Já a ativação da Rede Estratégica de Postos de Abastecimento só teve luz verde do Governo pelas 20:30, apesar da situação grave com falta de combustível em hospitais como a Maternidade Alfredo da Costa, para onde o Conselho de Ministros queria mandar os motoristas governamentais equipados com jerrycans. Também as autarquias tiveram de agir sozinhas, dada a "falta de informação" vinda do Governo. Isto não se pode fazer assim.
O socorro, seja em situações de emergência médica, proteção civil ou segurança interna, é uma função milenar do Estado. É uma raiz basilar da confiança dos cidadãos na sociedade e na sua capacidade de cumprir com as suas necessidades mais básicas. A degradação da capacidade de resposta não é um problema apenas para quem dela precisa ou dos seus entes queridos. Esses sentem o fracasso do Estado na pele. Mas, quando assim acontece, é um fracasso para todos nós. Quando o Estado falha nas suas funções mais básicas, como salvar vidas, o contrato social quebra. E o medo instala-se – aproximando-nos um bocadinho da "vida solitária, pobre, feia, bruta e curta" descrita por Thomas Hobbes.
Já aqui escrevi sobre a necessidade do investimento público não andar ao sabor dos ciclos políticos e das reformas não andarem à espera das ondas mediáticas. O caso do INEM e da ANEPC são dois exemplos perfeitos de como as coisas neste país parecer que só andam quando alguém está apertado com alguma emergência. Reformar o socorro não devia depender de mortes nem de manchetes. Mas sejamos claros: isto é uma emergência. Está mais que na hora de fazermos o que é necessário para as prevenirmos ou, no limite, para estarmos prontos para elas. Garanto-vos uma coisa: não seria assim tão difícil.
Ao fracasso da extrema-esquerda militar juntou-se a derrota de muita direita que queria ilegalizar o PCP. Afinal, nessa altura, os extremismos à esquerda e à direita não eram iguais. Ainda hoje não são, por muito que alguns o proclamem.
Há momentos que quebram um governo. Por vezes logo. Noutras, há um clique que não permite as coisas voltarem a ser como dantes. Por vezes são casos. Noutras, são políticas. O pacote laboral poderá ser justamente esse momento para a AD.
Não há nada inevitável na vida política. Na forma e no conteúdo, os erros que conduziram à queda de popularidade do PS eram há muito previsíveis e, em grande parte, evitáveis.
Álvaro Almeida, diretor executivo do SNS, terá dito, numa reunião com administradores hospitalares, que mesmo atrasando consultas e cirurgias, a ordem era para cortar.
O problema começa logo no cenário macroeconómico que o Governo traça. Desde o crescimento do PIB ao défice, não é só o Governo da AD que desmente o otimista programa eleitoral da AD.
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Nos próximos dez anos, ninguém nos garante que André Ventura não se tornará Primeiro-Ministro e que não tente um assalto à Constituição para construir a prometida “quarta república” onde vigorarão os tais “três Salazares”.
Do Minho ao Algarve, 22 sugestões para gozar os fins-de-semana prolongados de dezembro. E ainda: médicos prescrevem atividades como dança ou jardinagem; de onde vem o dinheiro para as Presidenciais?