Arte de agradar, arte de enganar: As burlas nas aplicações de encontros
Tanto homens como mulheres podem enganar pessoas online, ainda que reconheçamos que as suas motivações possam ser diferentes.
De modo quase cíclico, emergem e circulam notícias de burlas em sites e aplicações de encontros, sobretudo no Tinder e Hinge. Das diversas notícias sobre esta temática, talvez a mais caricata e mediática ocorreu em 2022, quando uma mulher de 65 anos foi burlada por um alegado astronauta russo que precisava de dinheiro para voltar à terra e poder casar com ela, tendo a mesma acabado por perder, à custa deste esquema, cerca de 30.000€.
Facilmente podemos culpar as vítimas destes golpes pela sua ingenuidade e credulidade face a cenários, a nosso ver, claramente falsos e extraordinários, mas subjacente a estas situações estão processos psicológicos complexos que ocorrem, tanto nas vítimas, como nos burlões.
Em primeiro lugar, reconhecemos que a conduta das pessoas online não é a mesma que têm habitualmente, no seu dia-a-dia. O chamado Efeito de Desinibição Online baseia-se na premissa de que o anonimato que a internet confere leva a que as pessoas não se sintam pressionadas pelas expectativas e valores morais e que, como tal, ajam de forma mais desinibida. Esta desinibição, por seu turno, leva-as a adotar mais comportamentos antissociais e moralmente incorretos, como é o caso da manipulação, mentira e burla. Consequentemente, quando nos encontramos online, devemos estar atentos a quatro formas distintas de engano ou manipulação, nomeadamente o Trolling (que consiste em comportamentos que visam, de forma deliberada, magoar, ofender e perturbar outras pessoas ou, alternativamente, fomentar conflitos), o engano de estatuto (onde a pessoa adota um papel social diferente), a falsificação de identidade (onde os sujeitos fingem ser outras pessoas online para seu entretenimento ou fraude) e a ocultação da identidade.
Outro tipo de burla com base na falsificação de identidade, também conhecida como Catfishing, refere-se a um processo de manipulação e fraude, onde a identidade de alguém é roubada ou é criada uma identidade falsa que é posteriormente utilizada para levar alguém a ter uma relação amorosa online. Noutros casos, a meta final não é somente ter uma relação amorosa, mas antes burlar financeiramente as pessoas, servindo a relação como meio para atingir esse fim.
Não existe um perfil único que possamos atribuir a quem comete estes atos. Tanto homens como mulheres podem enganar pessoas online, ainda que reconheçamos que as suas motivações possam ser diferentes. Nos homens, diz a investigação que há uma tendência
superior para enganar as pessoas por motivos mais autocentrados, designadamente para inflacionar a sua influência, o seu estatuto, as suas capacidades e experiências. Nas mulheres, por seu turno, o engano tem por objetivo encorajar a intimidade ou fazer as pessoas sentirem-se melhor acerca de si mesmas.
De modo geral, não podemos dizer que todos os que cometem este tipo de engano o fazem com motivações malignas, pois muitos catfishers que procuram relações online estão insatisfeitos com a sua vida e, como tal, procuram reproduzir uma imagem falsa e ideal de si mesmos, para encontrar alguém. Contudo, não descoramos que muitas destas pessoas não têm em mente a construção de uma relação de intimidade, mas antes recorrem a esta como estratégia de facilitação da burla e exploração económica das vítimas.
No que respeita às vítimas, é frequente que estas tenham experienciado uma perda ou traição recente ou que estejam a vivenciar um período particularmente solitário da sua vida. Em função disto, estão vulneráveis a este tipo de cenários aliciantes e inauditos e são prontamente exploradas, muitas vezes durante anos, sem nunca concretizarem um encontro presencial ou estabelecerem contacto cara-a-cara com a outra pessoa.
Naturalmente, para quem é alvo destes esquemas, a descoberta da manipulação tem um impacto psicológico adverso e intenso. Reconhecer que a confiança e partilha foi respondida com mentiras e fraude pode levar, no mínimo, a uma sensação de embaraço, raiva e medo e, em situações mais extremas, ao desenvolvimento de depressão, ansiedade e paranoia. Só para não falar do potencial impacto financeiro que estas situações podem ter na vida das pessoas, como vimos no exemplo inicialmente apresentado. A agravar a situação, o embaraço provocado nas vítimas leva-as a não reportar as situações, dificultando a identificação e travagem dos perpetradores.
À data, algumas aplicações têm procurado adotar medidas para evitar as burlas, através da verificação obrigatória da identidade dos utilizadores. No entanto, reconhecemos que muitos burlões agem de forma sofisticada e podem contornar estes mecanismos.
Não é o objetivo do presente texto censurar quem utiliza aplicações de encontros online ou quem procura estabelecer relacionamentos íntimos através da internet. Aliás, reconhecemos que, para muitos, é a forma mais prática e exequível de alargarem a sua rede e conhecerem alguém significativo. Mas apelamos à cautela e pensamento crítico dos utilizadores e à transparência quanto às expectativas e objetivos por detrás desta utilização. Em situações de maior dúvida quanto às intenções da outra parte e, na eventualidade de ser alvo destes esquemas, procure ajuda. Não está sozinho/a.
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