Sábado – Pense por si

João Paulo Batalha
João Paulo Batalha
26 de junho de 2024 às 07:00

A justiça dos comissários

O sonho dos protetores do Estado de Direito é ter os seus capatazes a mandar na justiça. Já começaram.

É o poder da repetição: à conta de tantas indignadas entrevistas, revoltados artigos de opinião e moralizadores manifestos, Portugal está hoje convencido de que a justiça é uma megera caprichosa empenhada num maléfico plano de assalto ao poder, através da "judicialização" da política. Nesta bem-sucedida teoria da conspiração, é não só necessário mas urgente combater o malicioso "corporativismo" de procuradores e juízes, para salvaguarda da própria democracia e do Estado de Direito.

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Já muito se refletiu sobre a falta de incentivos para “os bons” irem para a política: as horas são longas, a responsabilidade é imensa, o escrutínio é severo e a remuneração está longe de compensar as dores de cabeça. O cenário é bem mais apelativo para os populistas e para os oportunistas, como está à vista de toda a gente.

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