Sábado – Pense por si

João Paulo Batalha
João Paulo Batalha
13 de outubro de 2021 às 08:00

In dubio pro roubo

A atuação errática da Justiça tem boa companhia na reação errática das lideranças políticas. Nesta bagunça, fica por fazer uma verdadeira avaliação e reforma do sistema.

João Vale e Azevedo, um homem com mais experiência de tribunais na condição de arguido do que de advogado,viu levantada uma penhoraao luxuoso recheio da quinta onde viveu em Sintra. Os bens estavam arrestados há 14 anos por conta de dívidas que o ex-presidente do Benfica tem em Londres, onde vive desde 2018. Ao fim destes anos todos, o Tribunal de Execução de Sintra descobriu que afinal não estava provado que os bens de luxo – incluindo quadros, tapeçarias e porcelanas antigas – fossem mesmo de Vale e Azevedo. Porquê? Porque o recheio da Quinta da Cima, e a própria quinta, são propriedade de uma empresa imobiliária detida por outra empresa sediada no Luxemburgo que, por sua vez, tem como acionistas duas entidades registadas no Panamá. O nome de Vale e Azevedo não aparece em lado nenhum, apesar de ele e a mulher sempre terem sido os beneficiários de todo este património. Mesmo assim, o tribunal olhou para os papéis, não encontrou uma assinatura do advogado e, portanto, encolheu os ombros e libertou a penhora.

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