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As implicações de um inapto mental e moral – medíocre em tudo – ter outra vez tomado posse da presidência dos Estados Unidos serão económicas e climáticas, é certo, mas serão também de outra ordem.
Sabe a ficção da boa, por parecer tão fora de tudo. Em vez disso, é a vida de todos os dias, com peso real na vida de todo o mundo. As implicações de um inapto mental e moral – medíocre em tudo – ter outra vez tomado posse da presidência dos Estados Unidos serão económicas e climáticas, é certo, mas serão também de outra ordem: longe vão os tempos, e cada vez mais longe, em que a verdade, o brio, a decência, eram condições para levar alguém ao voto. Trump inaugura à escala global a pós-verdade, fazendo do campo político um espectáculo circense. Pasma que a sua estratégia tenha resultados num país de quase 335 milhões, tantas vezes dito como a maior democracia do mundo, a maior potência da Terra. E pasma por uma coisa simples: no seu discurso, Trump não põe frases que tenham significado.
Com fenómenos como Trump e Bolsonaro, e os seus sucedâneos noutros países – por cá, temos o Chega –, mete-se no espaço político um tipo de retórica que não só não tem coesão como não admite ser posto à prova. No debate com Kamala, é fácil dizer-se que Trump saiu humilhado, tendo sido corrigido várias vezes por mentiras que ali espraiou em directo para milhões de espectadores, dentro e fora do país. De nada adiantou. Para uma parte da vida moderna, a verdade não interessa, só a performance fanfarrona. Por cá, Ventura faz o mesmo, embora pareça mais pessoa e menos boneco, talvez porque na Europa ainda não é tão comum estruturar discursos em adjectivos. Ao seu eleitorado, Trump não permite a capacidade de interpretar ou concluir. Pelo contrário, impinge a interpretação: qualquer coisa é "great", qualquer coisa é "very good", qualquer braço seu é "strong". Ora, a seriedade na política obriga ao contrário: o discurso deve ter a informação, o ouvinte deve ter a conclusão. É a diferença entre ouvir alguém dizer que é forte perante uma assistência que concorda e entre ver alguém a pegar em 200 quilos perante uma assistência que conclui. Mas este parece um debate já datado. No campo político, o narcisismo e o egolatria ganharam espaço, comeram muita coisa à volta, incluindo a informação e a verdade. Em tempos de redes sociais, um grande estadista não tem sequer de ter noção de Estado: para ser percepcionado como tal, basta dizê-lo e depois repeti-lo até à exaustão, até que a mensagem seja acriticamente ouvida e depois repetida noutros lados. E a mentira implica um perigo: por desmentida que seja, haverá sempre alguém a levá-la à letra. O que também vai espantando é que quem é apanhado nela já o faça sem vergonha. Trump mente e, perante os factos, encolhe os ombros. Não faz mal. E aqui Ventura faz o mesmo, numa retórica simplista, vitimista e épica no mesmo movimento, substituindo o fundamento e os factos pelo medo e pela antagonização. No fundo, sabem que a coisa se espraiará, como um bicho que traz doença, e que chegará a algum lado sem o contraditório. Mentir, para um e para outro, é uma estratégia que não traz peso na consciência. Ambos atacam o jornalismo e usam canais próprios para veicularem a mentira como uma ideia de verdade. No meio disto, que ninguém se engane: o ataque à imprensa livre e a desvalorização do jornalismo são um ataque a todos nós.
Hoje, vive-se com a tarefa inglória de passar mais tempo a desconstruir mitos criados em cima do joelho do que a criar programas políticos compactos e amplos. Nisto, há ainda a desvantagem do tempo: demora mais ser sério e apresentar dados do que mandar para o espaço público uma laracha que consiga ser sonante. Um tweet é mais rápido do que um ensaio – e dá espaço suficiente para que se façam ouvir estas pobres figuras.
As implicações de um inapto mental e moral – medíocre em tudo – ter outra vez tomado posse da presidência dos Estados Unidos serão económicas e climáticas, é certo, mas serão também de outra ordem.
De repente, já Mário Machado – alguém lhe dê um biscoito – quer pedir asilo político aos Estados Unidos, pasme-se, via Elon Musk. (...) É só mais uma birra de um menino que, só para não dormir, finge que quer mais um copo de água.
Fascinada por cabeças, meti-me a conhecer outras. Perguntei-lhe como pensaria alguém com a perturbação tal, e como pensaria depois no tal cenário. Criei um esquema, e o Chat sempre a ir comigo.
Um romance exige tempo e dinheiro, e escrevê-lo nas horas vagas implicará criar com contundência menor. Menos tempo é menos atenção ao detalhe, menor rigor, menos força; é menos capacidade de concatenar elementos e engrandecer o alcance.
Numa época em que se instrumentaliza o Holocausto, ainda custa entender como é que, no mundo inteiro, se vêem tombar palestinianos e só há mãos lavadas, um deixa-para-lá com a cabeça, inacção; em que ponto é que se deu o clique, se desligou o chip, para que fosse possível banalizar-se a morte.
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Em 2022, um artigo científico comparou 441 estimativas de 42 diferentes estudos. A sua conclusão foi de que não podem rejeitar a hipótese de uma descida de IRC não ter impacto no crescimento. Isto quer dizer que, mesmo depois de 441 estimativas, não podemos ter a certeza que exista.
Há uma data que, anualmente, marca discretamente o princípio do fim. O Earth Overshoot Day marcou o ponto de ruptura, expondo o descompasso entre o que exigimos da Terra e o que esta consegue repor.
José olhava para o álbum com expressão nostálgica. "A Patrícia perguntou-me no outro dia se não me arrependo de ter estragado a família. E eu não soube o que responder."