Nunca se viu em Portugal – desafio o Polígrafo – homem mais chorão do que este. À primeira vista, tanta sensibilidade até espanta. Quem lhe vê a cabeça rapada, o braço tatuado de homem inseguro, a T-shirt preta que dá aquele arzinho de rufia, a suástica de incompreendido pela vida no antebraço que celebra seis milhões de mortos no Holocausto e a confusão mental de quem acha que espancar pretos é desporto dificilmente estará à espera de que, por trás daquele ar de rotweiller que não levou a vacina contra a raiva, esteja um caniche fofo com medo dos mauzões. Mas Mário Machado é assim. Nos últimos anos, habituou-nos a esta figura peculiar – diz mal do Estado, mas é ao Estado que faz voz mansa, dizendo: "Mãe, aquele menino chamou-me nomes no recreio."