Sábado – Pense por si

Ana Bárbara Pedrosa
Ana Bárbara Pedrosa

Ana Bárbara Pedrosa é romancista e cronista. Autora dos romances Lisboa, chão sagrado (2019), Palavra do Senhor (2021) e Amor estragado (2023), escreve crónicas no jornal Mensagem de Lisboa e crítica literária no Observador. Para além disso, tem textos publicados em vários órgãos de imprensa. Trabalhou durante alguns anos como linguista. É doutorada em Ciências Humanas, mestre em Estudos Portugueses, pós-graduada em Linguística e em Economia e Políticas Públicas e licenciada em Línguas Aplicadas. Viveu e estudou em Portugal, no Brasil e nos Estados Unidos.

Opinião

Continua a distopia

As implicações de um inapto mental e moral – medíocre em tudo – ter outra vez tomado posse da presidência dos Estados Unidos serão económicas e climáticas, é certo, mas serão também de outra ordem.

Opinião

Coitado do menino chorãozinho

De repente, já Mário Machado – alguém lhe dê um biscoito – quer pedir asilo político aos Estados Unidos, pasme-se, via Elon Musk. (...) É só mais uma birra de um menino que, só para não dormir, finge que quer mais um copo de água.

Meia dúzia de frases

A Via Crúcis é Gaza

Numa época em que se instrumentaliza o Holocausto, ainda custa entender como é que, no mundo inteiro, se vêem tombar palestinianos e só há mãos lavadas, um deixa-para-lá com a cabeça, inacção; em que ponto é que se deu o clique, se desligou o chip, para que fosse possível banalizar-se a morte.

Meia dúzia de frases

E se fosse o teu filho?

Quem educa, bem o vemos, ensina às meninas estratégias para não serem violadas. "Não andes na rua à noite, tem cuidado com a bebida, não te dês com o Zé Manel." Mas ninguém diz ao Zé Manel para manter o fecho fechado a não ser que alguém o queira aberto.

Meia dúzia de frases

Verbo Ser

Cada pessoa virou um poço de identidades que espartilham tudo, descrevem tudo, tentam tornar cada pequena coisa coerente. Em cada indivíduo, um poço de coerências previsíveis, ainda que a identidade tenha de ser uma coisa transitória, mutável, e que tenha de haver uma permanente auto-noção de que haverá auto-traição.

Meia dúzia de frases

Deixem as crianças em paz

Alguém diga a estes fanáticos: deixem as crianças em paz. E arranjem vida própria. A falta de empatia aliou-se à ausência total de inteligência e, de repente, surgiram grupos de extrema-direita, sempre com mais capacidade de destilar ódio do que analítica – sempre em busca de uma vendeta e não da paz.

Meia dúzia de frases

Eu não interesso a ninguém

É certo que a rejeição dói a toda a gente, mas fazer da literatura um divã transforma o leitor num psicólogo, numa coisa amorfa, e sobretudo diminui, ao invés de engrandecer, o papel do criador, não só porque abdica do dever e do prazer de criar, mas principalmente porque passa a não ter nada para dar ao leitor além de si mesmo.

Meia dúzia de frases

Esfomeados contra famintos

Com a Internet, veio a manipulação do algoritmo. Durante anos, a extrema-direita amansou o terreno, plantando a semente do que viria a entregar ao eleitorado como prova irrefutável de um mundo posto ao contrário. Ali, é bem sabido, não havia verificação de factos e a mentira, ao invés de responder a um sentimento, criava um.

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