Sábado – Pense por si

Encontradas 565 pessoas escravas de uma seita religiosa no Brasil

16 de março de 2018 às 09:54
As mais lidas

Uma operação em São Paulo descobriu 565 pessoas escravas que serviam uma seita religiosa. 13 líderes da seita estão em prisão preventiva, outros estão em fuga.

Uma operação do Ministério do Trabalho do Brasil detetou 565 pessoas que eram submetidas a condições semelhantes à da escravatura em fazendas propriedade de uma seita religiosa, informaram na quinta-feira as autoridades. A ação de fiscalização foi realizada na quinta-feira em simultâneo em 15 diferentes municípios dos estados de São Paulo, Minas Gerais e Bahia.

A agência EFE adianta que, além daqueles, a operação permitiu detetar outras 438 pessoas que trabalhavam sem contrato formal e 32 menores que estavam a fazer tarefas proibidas. Os trabalhadores prestavam serviço para uma seita religiosa conhecida como "Comunidade Evangélica Jesus, a Verdade que Marca".

O portal de notícias da Globo, G1, adianta que nesta operação foram cumpridos 22 mandados de prisão preventiva, 17 interdições de estabelecimentos comerciais e 42 mandados de busca e apreensão, culminando na prisão preventiva de 13 dirigentes da seita, sendo que outros estão em fuga.

O portal adianta, citando um comunicado do Ministério do Trabalho brasileiro, que os trabalhadores teriam sido "aliciados" por dirigentes da seita religiosa, em São Paulo, e convencidos a doar os bens para as associações controladas pela organização, tendo de mudar-se para uma comunidade, onde todos os bens móveis e imóveis seriam compartilhados.

Após entrar na seita religiosa as pessoas eram levadas para zonas rurais e urbanas naqueles três estados brasileiros, para trabalhar na agricultura, estabelecimentos comerciais, como oficinas mecânicas, postos de gasolina ou pastelarias, todos supervisionados pelos líderes da seita.

O G1 acrescenta que a investigação começou em 2013, ano em que a seita já utilizava mão-de-obra escrava, tendo sido identificadas então 348 vítimas.

"Em todas acções de combate ao trabalho escravo, quando chega a Polícia Federal, o Ministério Público Federal e do Trabalho, as vítimas aderem e querem ser retiradas dessa situação. O caso da seita é incomum, porque as pessoas eram doutrinadas por aspetos religiosos e receberam-nos como se fôssemos o demónio", afirmou o auditor-fiscal do Trabalho Marcelo Campos, que coordenou a operação de quinta-feira