Suspeito acabou por morrer durante as explosões junto ao Supremo Tribunal Federal de Brasília, tinha confessado a intenção de realizar um atentado. "Polícia Federal, vocês têm 72 horas para desarmar a bomba que está na casa dos comunistas", escreveu nas redes sociais.
Duas explosões ocorridas na noite de quarta-feira (13) - uma de um veículo estacionado num anexo da Câmara dos Deputados de Brasília e outra à entrada do Supremo Tribunal Federal (STF) -, provocaram pelo menos a morte de uma pessoa, o suspeito.
REUTERS/Tom Molina TPX IMAGES OF THE DAY
Segundo a governadora do Distrito Federal, Celina Leão, a vítima teria tentado entrar no Tribunal com explosivos presos ao corpo. Como não conseguiu, acabou por se fazer explodir em frente ao edifício.
"Ele tentou entrar [no STF] com os dispositivos. Tentou entrar dentro do prédio, [mas como] não conseguiu teve a explosão ali no local", resumiu a governadora.
O episódio levou à evacuação do Supremo Tribunal Federal, por volta das 20h locais, e segundo os jornais brasileiros o edifício será agora revistado, assim como o Congresso e o Palácio do Planato, para verificação de eventuais bombas nos edifícios.
De acordo com a revista Veja, o presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco, estaria no Senado no momento em que se sucederam as explosões. Deixou o local pela garagem acompanhado de seguranças. Apesar disso, não existem quaisquer registos de feridos.
O episódio levou também ao reforço da segurança em locais-chave da região. O Palácio da Alvorada - a residência oficial do presidente Lula da Silva - também teve proteção imediata.
As autoridades, entretanto, já abriram um inquérito para investigar o caso, e uma das principais testemunhas já prestou o seu depoimento. Segundo a testemunha, a vítima Francisco Wanderley Luis terá visitado o Tribunal no dia 24 de agosto. Horas antes das explosões, Francisco Wanderley publicou nas redes sociais uma fotografia dentro do plenário do Supremo Tribunal. "Deixaram a raposa entrar no galinheiro", escreveu.
Quem era o suspeito?
O homem que morreu durante uma explosão na Praça dos Três Poderes chamava-se Francisco Wanderley Luis, e havia sido candidato a vereador no município de Rio do Sul em 2020, apesar de não ter conseguido ser eleito já que angariou apenas 98 votos.
Natural de Santa Catarina, o homem de 59 anos havia-se mudado para Brasília apenas há quatro meses, segundo informações fornecidas pelo filho. Apelidado de Tiu França, já tinha mostrado através das redes sociais a sua intenção de cometer um atentado.
"Vamos jogar?", lê-se numa mensagem de WhatsApp que terá sido enviada pelo próprio. "Polícia Federal, vocês têm 72 horas para desarmar a bomba que está na casa dos comunistas de merda: William Bonner, José Sarney, Geraldo Alckmin, Fernando Henrique Cardoso...Vocês os 4 são são velhas cebôsos nojentos. Cuidado ao abrir gavetas, armários, estantes, depósitos de matérias etc. O jogo acaba dia 16/11/2024. Boa sorte", escreveu horas antes do atentado.
Francisco Wanderley era o dono do carro que guardava fogos de artifício e que o fez explodir junto ao anexo 4 da Câmara dos Deputados. Trabalhou como chaveiro e vendedor ambulante e em 2020 informou à Justiça Eleitoral ser casado. Nas redes sociais, apresentava-se como empreendedor e investidor.
O suspeito já havia sido alvo de um processo por "infração de medida sanitária preventiva". De acordo com o Ministério Público de Santa Catarina, a 20 de junho de 2021 "promoveu entretenimento" num estabelecimento comercial e ignorou as medidas de combate à Covid-19 então em vigor. Segundo a UOL, promoveu a aglomeração de cerca de 80 pessoas. Apesar disso, a Justiça decidiu absolvê-lo.
Para poder adicionar esta notícia aos seus favoritos deverá efectuar login.
Caso não esteja registado no site da Sábado, efectue o seu registo gratuito.
O descontentamento que se vive dentro da Polícia de Segurança Pública resulta de décadas de acumulação de fragilidades estruturais: salários de entrada pouco acima do mínimo nacional, suplementos que não refletem o risco real da função, instalações degradadas e falta de meios operacionais.