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Zelensky confirma reunião com delegação dos EUA na Arábia Saudita

Lusa 06 de março de 2025 às 22:41

A administração de Donald Trump tem defendido que constitui garantia de segurança suficiente a assinatura de um acordo-quadro entre Washington e Kiev abrindo a porta à exploração de minerais ucranianos por empresas norte-americanas.

O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, confirmou esta quinta-feira, 06, que delegações da Ucrânia e Estados Unidos manterão conversações na Arábia Saudita na próxima semana sobre o fim do conflito iniciado com a invasão russa.

No seu habitual discurso noturno, Zelenskyy disse hoje que viajará para a Arábia Saudita na segunda-feira e que a sua equipa permaneceria no país para manter conversações com funcionários norte-americanos.

"Tenho programado visitar a Arábia Saudita para me encontrar com o príncipe herdeiro. Depois disso, a minha equipa permanecerá na Arábia Saudita para trabalhar com os parceiros americanos", disse Zelensky.

"A Ucrânia está muito interessada na paz", frisou o Presidente ucraniano, duramente criticado pelo Presidente norte-americano na semana passada por supostamente estar a dificultar a "paz" com a Rússia.  

O enviado norte-americano Steve Witkoff confirmou hoje que planeia encontrar-se com uma delegação ucraniana na próxima semana, na Arábia Saudita, para discutir um cessar-fogo com a Rússia, saudando o pedido de "desculpas" de Kiev aos Estados Unidos na sequência da alteração da semana passada entre Zelensky e Trump em Washington.

"Estamos a discutir a possibilidade de coordenar uma reunião com os ucranianos em Riade, ou possivelmente em Jeddah", disse Witkoff aos jornalistas.

"A ideia é definir um quadro para um acordo de paz e um primeiro cessar-fogo", acrescentou.

O responsável sublinhou que o Presidente norte-americano, Donald Trump, ficou satisfeito com a carta enviada pelo Presidente Volodymyr Zelensky após o confronto verbal entre ambos na Casa Branca, na passada sexta-feira.

Em Bruxelas, Zelensky, pediu hoje o apoio da União Europeia (UE) à produção militar no país, em debate no Conselho Europeu, em que participou novamente como convidado durante uma hora e meia.

Segundo fonte europeia, "Zelensky congratulou-se com as iniciativas de reforço das capacidades de defesa da UE e incentivou a sua utilização para apoiar a produção militar da Ucrânia".

À entrada para a cimeira extraordinária, Zelensky tinha já, em declarações aos jornalistas, agradecido aos líderes europeus por não o terem "deixado sozinho", após a discussão com Donald Trump, que levou o líder ucraniano a abandonar Washington sem assinar um acordo com os Estados Unidos que lhes dava acesso a minerais.

A mesma fonte acrescentou que Zelensky manteve, durante uma hora e meia, um "debate aberto" com os seus homólogos da UE, informando-os sobre "os seus esforços diplomáticos e as suas expectativas para o futuro na perspetiva de uma paz justa, global e duradoura".

Os líderes da UE estão hoje reunidos, em Bruxelas, numa cimeira extraordinária para debater o apoio a Kiev na sequência da invasão russa de 24 de fevereiro de 2022 e o plano Rearmar a Europa, apresentado pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, que que prevê mobilizar 800 mil milhões de euros para investimento na defesa europeia.

A administração de Donald Trump, que tomou a iniciativa de negociar diretamente com a Rússia uma solução para o conflito iniciado com a invasão russa da Ucrânia há três anos, tem defendido que constitui garantia de segurança suficiente a assinatura de um acordo-quadro entre Washington e Kiev abrindo a porta à exploração de minerais ucranianos por empresas norte-americanas.

Washington tem escalado a pressão sobre Zelensky para assinar o acordo de exploração de minerais como primeiro passo para um cessar-fogo, mas Kiev considera serem necessárias mais garantias de segurança e uma visão de longo prazo para a cessação de hostilidades, posição partilhada com os aliados europeus.

A Rússia invadiu a Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022, com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e "desnazificar" o país vizinho, independente desde 1991 - após a desagregação da antiga União Soviética - e que tem vindo a afastar-se do espaço de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente.  

A guerra na Ucrânia já provocou dezenas de milhares de mortos de ambos os lados, e os últimos meses foram marcados por ataques aéreos em grande escala da Rússia contra cidades e infraestruturas ucranianas, ao passo que as forças de Kiev têm visado alvos em território russo próximos da fronteira e na península da Crimeia, ilegalmente anexada em 2014.  

REUTERS/Christian Hartmann
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