Secções
Entrar

Vaticano opõe-se a projeto-lei italiano que ilegaliza discriminações homofóbicas

Lusa 22 de junho de 2021 às 18:20

Medida em discussão no Senado de Itália Vaticano tem como objetivo punir atos de discriminação e incitamento à violência contra homossexuais, lésbicas, transexuais e pessoas com deficiência.

O Vaticano opôs-se formalmente a um projeto-lei italiano que visa combater a homofobia, afirmando que esta viola a liberdade de expressão dos católicos, numa intervenção diplomática altamente invulgar em assuntos italianos.

coronavirus Vaticano

O projeto-lei em discussão no Senado (câmara alta do Parlamento de Itália) tem como objetivo punir atos de discriminação e incitamento à violência contra homossexuais, lésbicas, transexuais e pessoas com deficiência.

De acordo com o jornal Corriere della Sera, o arcepisbo Paul Gallagher entregou uma "nota verbal" diplomática à embaixada italiana, no dia 17 de junho, em que se que diz que algumas partes do diploma violam acordos bilaterais entre a Itália e a Igreja.

O Vaticano explica que a legislação põe em causa a liberdade garantida à Igreja Católica Italiana na organização e exercício do culto, bem como a liberdade de expressão e pensamento concedida aos cidadãos e às associações católicas.

A lei não isenta as escolas católicas italianas da obrigação de participar em atividades para o Dia Nacional contra a Homofobia, que será fixado para 17 de maio.

A nota diplomática expressa também a preocupação de que a lei possa conduzir a novas ações judiciais.

O projeto de lei sobre "medidas para prevenir e combater a discriminação e violência em razão do sexo, género, orientação sexual, identidade de género e deficiência", apresentado pelo deputado do Partido Democrata Alessandro Zan, foi aprovado pela Câmara dos Deputados (câmara baixa do Parlamento italiano), no mês de novembro.

O episcopado italiano já tinha contestado fortemente o projeto de lei, que levou a um protesto imediato de organizações homossexuais e deputados.

"Os bispos italianos disseram que a possível introdução de novas disposições penais correria o risco de abrir o caminho a abusos liberticidas e discriminação", afirmaram, argumentando que a Itália já dispunha de instrumentos jurídicos adequados.

Alessandro Zan rejeitou hoje os argumentos do Vaticano, dizendo que "o texto não restringe de forma alguma a liberdade de expressão ou a liberdade religiosa".

Por outro lado, a Igreja recebeu o apoio total do líder do partido de extrema-direita Liga Norte, Matteo Salvini, que expressou a sua rejeição da "censura e julgamentos para aqueles que acreditam que uma mãe, um pai e a família são o coração da nossa sociedade".

Artigos Relacionados
Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
Artigos recomendados
As mais lidas
Exclusivo

Operação Influencer. Os segredos escondidos na pen 19

TextoCarlos Rodrigues Lima
FotosCarlos Rodrigues Lima
Portugal

Assim se fez (e desfez) o tribunal mais poderoso do País

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela
Portugal

O estranho caso da escuta, do bruxo Demba e do juiz vingativo

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela