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Uma "teia de aranha". O que existe na cidade-túnel por baixo de Gaza?

Luana Augusto com Ana Bela Ferreira 27 de outubro de 2023 às 18:38

Túneis têm quilómetros de comprimento e podem estar escondidos sob escolas e outros edifícios. Uma refém recentemente libertada, e que esteve presa numa destas passagens, descreve-as como “uma teia de aranha”.

Uma rede de túneis do Hamas, com centenas de quilómetros de comprimento, e cerca de 80 metros de profundidade, é o que aguarda neste momento as tropas israelitas na Faixa de Gaza, dizem fontes de segurança israelitas à agência noticiosa Reuters. Os Estados Unidos temem agora que Israel enfrente um desafio sem precedentes.

REUTERS/Ibraheem Abu Mustafa

"Não vou entrar em detalhes sobre os quilómetros dos túneis, mas é um número alto, e estão a ser construídos sob escolas e áreas residenciais. Há uma cidade inteira por toda a Faixa de Gaza, com profundidades de 40 a 50 metros. Há bunkers, quartéis-generais, armazenamento, e claro, mil posições para o lançamento de misseis", disse à agência de notícias Reuters um porta-voz militar israelita.

Outras fontes de segurança pertencentes a países vizinhos de Israel acreditam que estes túneis estejam localizados a cerca de 80 metros de profundidade, ao invés de 40, e que os mesmos percorram centenas de quilómetros até chegarem ao Egito. O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin, acrescenta ainda a possibilidade do grupo de extremistas ter em sua posse "muitos IEDs [dispositivos explosivos improvisários]" e  "armadilhas".

Yocheved Lifshitz, uma das idosas que esteve presa nos túneis e foi feita refém pelo Hamas, pode não ter noção da profundidade a que estava, ou dos quilómetros que as passagens tinham, mas garante que os labirintos se assemelhavam a "uma teia de aranha".

Acredita-se que os túneis utilizados pelo Hamas tenham começado a ser escavados ainda na década de 1990, tendo a sua construção - à base de cimento - ficado mais fácil em 2005, quando Israel retirou soldados e colonos da Faixa de Gaza.

Em 2021, as forças israelitas garantiram ter destruído mais de 100 quilómetros de túneis durante ataques aéreos, o que levou ao desabamento de três edificios. Na altura, o Hamas afirmou que apenas 5% das suas passagens tinham sido atingidas e que as mesmas se estendiam por 500 quilómetros.

"Existe uma cidade inteira debaixo de Gaza à profundidade de 40 a 50 metros. Há bunkers e quartéis-generais e arrumação e claro estão bem ligados a mais de um milhar de posições de lançamento de rockets", adianta Amir Avivi, antigo brigadeiro no exército de Israel, à Reuters.

No exército israelita, há uma divisão dedicada à destruição dos túneis, os Yahalom.

De acordo com um dos responsáveis pela construção do túnel de Rafah citado pela Reuters, uma passagem de 800 metros pode levar entre três a seis meses a ser escavada e pode valer cerca de 100 mil dólares (94 mil euros) diários, devido ao contrabando. Uma bala custa um dólar no Egito mas é vendida por seis em Gaza.

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