Secções
Entrar

UE assina acordo de €7,4 mil milhões com o Egito para evitar crise migratória

Andreia Antunes 18 de março de 2024 às 16:47

A declaração da parceria inclui a promessa de que ambas as partes "continuarão a trabalhar no sentido de promover a democracia, as liberdades fundamentais e os direitos humanos, igualdade de género e igualdade de oportunidades".

A União Europeia (UE) fechou um acordo de 7,4 mil milhões de euros com o Egito para ajudar a impulsionar a economia daquele país, numa tentativa de trazer estabilidade à região e evitar outra crise migratória na Europa.

The Egyptian Presidency/Handout via REUTERS

"A presença de seis líderes europeus hoje [no domingo] mostra como valorizamos profundamente a nossa relação. Partilhamos os nossos interesses estratégicos na estabilidade e na prosperidade", disse Ursula Von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, ao presidente egípcio, Abdel Fatah al-Sisi. "E dado o vosso peso político e económico e a vossa localização estratégica numa vizinhança muito conturbada, a importância das nossas relações só irá aumentar com o tempo."

Após "um trabalho diplomático intenso e eficaz", entre a UE e o Egito nos últimos meses, seis dirigentes da UE (os primeiros-ministros de Itália, Grécia, Áustria, Chipre e Bélgica, e a presidente da Comissão Europeia) estiveram no Cairo, este domingo, para selar o acordo.

Esta parceria estratégica UE-Egito, com a duração de três anos, envolve 5 mil milhões de euros em empréstimos em condições favoráveis para apoiar as mudanças económicas, 1,8 mil milhões de euros para apoiar os investimentos do setor privado e 600 milhões de euros em subvenções, incluindo 200 milhões para a gestão da migração.

Ursula von der Leyen, que chefiou a delegação, afirmou que o acordo sublinha a "localização estratégica" do Egito numa "vizinhança conturbada" e o "papel vital" que desempenhava na estabilidade da região.

"Estamos todos extremamente preocupados com a guerra em Gaza e com a situação humanitária catastrófica que se está a desenrolar", reconheceu Ursula von der Leyen. "Gaza está a passar fome e não podemos aceitar esta situação. É fundamental chegar rapidamente a um acordo sobre um cessar-fogo que liberte os reféns e permita que mais ajuda humanitária chegue a Gaza."

Após várias críticas de alguns eurodeputados, a União Europeia afirmou que se esforça por trabalhar com os seus vizinhos de forma a melhorar a democracia e o cumprimento dos direitos humanos através de parcerias. A declaração da parceria inclui a promessa de que ambas as partes "continuarão a trabalhar no sentido de promover a democracia, as liberdades fundamentais e os direitos humanos, igualdade de género e igualdade de oportunidades."

Abdel Fatah al-Sisi foi elogiado pela primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, pelo papel desempenhado pelo Egito, juntamente com os Estados Unidos e o Qatar na prossecução de esforços para pôr termo à guerra em Gaza. Meloni também abordou a questão da migração, um tema importante para Itália, um dos principais pontos de chegada de migrantes à Europa.

Giorgia Meloni mencionou que a melhor forma de evitar a migração massiva para a Europa não passa apenas por desmantelar grupos de tráfico de seres humanos, mas também "reafirmar os seus direitos" no continente africano e ajudar a desenvolver as suas economias. "É exatamente isso que estamos a fazer hoje", garantiu.

Já o primeiro-ministro belga, Alexander De Croo, aproveitou a oportunidade para pressionar Israel. "A situação atual em Gaza é inaceitável", afirmou, acrescentando que o Tribunal Internacional de Justiça já tomou uma decisão provisória que obriga Israel a aumentar o acesso de ajuda humanitária. "O que temos visto na prática é o contrário."

Os governos europeus estão preocupados com o risco de instabilidade no Egito, país com 106 milhões de habitantes, que tem tido dificuldade em obter fundos estrangeiros. As dificuldades económicas e a pobreza têm levado cada vez mais pessoas a abandonar o país.

Já a Grécia e Itália estão preocupados com uma nova crise humanitária de refugiados, tanto de Gaza como do Egito, que acolhe atualmente cerca de 9 milhões de migrantes, dos quais 4 milhões do Sudão e 1,5 milhões de Sírios, de acordo com a Organização Internacional para as Migrações da ONU.

Artigos Relacionados
Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
Artigos recomendados
As mais lidas
Exclusivo

Operação Influencer. Os segredos escondidos na pen 19

TextoCarlos Rodrigues Lima
FotosCarlos Rodrigues Lima
Portugal

Assim se fez (e desfez) o tribunal mais poderoso do País

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela
Portugal

O estranho caso da escuta, do bruxo Demba e do juiz vingativo

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela