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Suécia pede calma antes de retomar diálogo com Turquia após queima do Corão

Lusa 31 de janeiro de 2023 às 22:28

O chefe do governo sueco, Ulf Kristersson, acusou "tolos úteis" de promoverem as ações polémicas na Suécia impulsionados por forças que desejam o "mal" para o país nórdico.

O primeiro-ministro sueco apelou esta terça-feira a uma diminuição das tensões devido à queima do Corão por um militante de extrema-direita em Estocolmo, antes do regresso ao diálogo com a Turquia para contornar o seu veto à entrada na NATO.

REUTERS/Johanna Geron

Ancara reforçou a sua recusa em permitir a adesão da Suécia à Aliança Atlântica, após a execução simbólica por um grupo pró-curdo em Estocolmo de um boneco que representava o Presidente turco Recep Tayyip Erdogan e a queima do Corão, que também gerou protestos em vários países muçulmanos.

"O mais importante agora é esclarecer que não é a Suécia, como país, que executou um boneco que simbolizava um líder estrangeiro ou queimou livros para ofender, e a segunda coisa é baixar o tom, esfriar a situação", defendeu hoje Ulf Kristersson, em conferência de imprensa.

Kristersson revelou que manteve contactos nos últimos dias com o secretário-geral da ONU, António Guterres, o Presidente da Finlândia, também candidata à entrada na NATO e primeiro-ministros e políticos de países islâmicos e organizações muçulmanas.

"Nos meus contactos, deixei claro que a liberdade de expressão é uma parte fundamental da democracia sueca. Mas o que é legal nem sempre é adequado", sublinhou.

O chefe do governo sueco acusou ainda "tolos úteis" de promoverem as ações polémicas na Suécia impulsionados por forças que desejam o "mal" para o país nórdico.

Embora acredite que a situação não piore neste momento, "pequenas coisas podem acender este fogo novamente", acrescentou.

Ulf Kristersson manifestou ainda o desejo de que o processo de entrada da Suécia na NATO seja "o mais curto possível".

Face às insinuações de que a Finlândia pode procurar a entrada na Aliança sem o país vizinho, o governante sublinhou que a posição de Helsínquia é "muito clara" , embora tenha referido que entende que se possa sentir "frustrada".

O chefe de Estado finlandês, Sauli Niinisto, garantiu esta segunda-feira que Helsínquia mantém a intenção de aderir à NATO ao mesmo tempo que a Suécia.

A invasão russa da Ucrânia fez com que a Suécia e a Finlândia encerrassem o seu não-alinhamento militar em 2022 e solicitassem a adesão à NATO.

Ancara está, desde maio, a bloquear o alargamento da NATO àquele país, bem como à Finlândia, exigindo que Estocolmo extradite refugiados curdos que o Governo do Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, classifica como "terroristas".

A adesão dos dois países nórdicos precisa da unanimidade dos atuais 30 Estados-membros Aliança Atlântica.

Os incidentes nas cidades europeias foram denunciados e condenados pelos Governos em causa e por outros países ocidentais, mas isso não foi suficiente para travar a indignação da Turquia.

O Presidente turco considerou os atos em que foram queimados exemplares do Corão como "uma traição, uma vulgaridade, uma desonra", e disse que a Suécia não pode contar com a aprovação do seu país para aderir à NATO.

Paquistão, Bangladesh, Afeganistão, Omã, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Bahrein, Qatar e Kuwait também expressaram a sua condenação de tais atos.

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