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"Resgate dos valores da República." João Carlos Barradas analisa discurso de Trump

Débora Calheiros Lourenço 20 de janeiro de 2025 às 18:58

Donald Trump tomou posse como 47º presidente dos Estados Unidos esta segunda-feira, 20. João Carlos Barradas reforça o desejo de ser "unificador" apesar das "declarações agressivas" contra a China.

No discurso de tomada de posse, Donald Trump afirmou que "a era dourada da América começa agora" e que o dia 20 de janeiro de 2025 vai ficar conhecido como o "Dia da Libertação".

Julia Demaree Nikhinson/Pool via REUTERS

Num discurso de cerca de meia hora feito na Sala Oval do Capitólio o agora 47º presidente dos Estados Unidos falou, acima de tudo, no "resgate dos valores da República" e na sua vontade de "torná-la ainda mais excecional através de uma política de engrandecimento e prosperidade", partilha João Carlos Barradas, jornalista especializado em política externa, com a SÁBADO.

João Carlos Barradas reforça que o momento vivido esta tarde "abre aquilo que por duas vezes chamou uma nova idade de ouro da América" e que para tal acontecer Trump pretende "restaurar e reimpor o bom senso, o que justifica a adoção imediata de uma série de medidas que ponham termo ao declínio da nação". Algumas das elencadas foram o "aumento da produção de gás e petróleo, reindustrialização dos Estados Unidos, com destaque para o setor automóvel e para os seus veículos de combustão, e retoma dos valores de liberdade de expressão aliados ao combate às ideologias de raça e género".

Vale a pena notar que "quando tomou posse em 2017 Trump promulgou apenas uma ordem executiva nesse dia, Biden promulgou nove", mas "segundo o que afirmou Trump hoje vai promulgar cerca de cem, essencialmente numa lógica do combate ao crime e invasão do país por parte de imigrantes". Algumas das medidas avançadas para este combate foram o "recomeço da construção do muro, deportação de imigrantes ilegais e a luta contra os cartéis de droga", relembra João Carlos Barradas.

"Do ponto de vista externo a frase que fica é que Trump pretende ser recordado como um fazedor de paz e unificador, ‘pelas guerras com que acabámos e sobretudo aquelas que evitámos’, afirmou", no entanto, vale a pena recordar também que esta intenção "não o impediu de reiterar declarações agressivas designadamente contra a China que acusou uma vez mais de operar indevidamente no Canal do Panamá e a adoção de tarifas para importações numa lógica de ‘enriquecer os nossos cidadãos’".

Neste discurso de tomada de posse, Trump quis ser acima de tudo unificador e foi por isso que fez "uma coisa que não é comum": "Agradeceu especificamente aos negros, hispânicos e trabalhadores do setor automóvel com o objetivo de demonstrar que o seu eleitorado é cada vez vasto", considera o jornalista.

Poucas foram as vezes que Joe Biden, agora ex-presidente dos Estados Unidos, acompanhou a sala nos seus aplausos a Trump, mas João Carlos Barradas recorda que foram "as referências à libertação dos reféns israelitas e à ambição sem limites da América, com a vontade de que os astronautas americanos cheguem a Marte", os sinais de raras convergências.

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