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Polícia que matou jovem afro-americano diz que só queria usar taser

Diogo Barreto 12 de abril de 2021 às 19:50

O chefe da polícia local diz que o disparo que vitimou Daunte Wright foi "acidental". Recolher obrigatório foi decretado para travar motins na noite deste domingo.

O polícia do Minnesota que disparou mortalmente contra um jovem afro-americano de 20 anos, este domingo, disse que queria apenas usar a sua arma elétrica (otaser), não a arma de fogo. O disparo aconteceu durante uma operação de fiscalização rodoviária e a justificação veio já esta segunda-feira, por parte do chefe da polícia local.

Dante Wright Stephen Maturen/Getty Images

O chefe da polícia Tim Gannon referiu numa conferência de imprensa que o tiro disparado pelo agente tinha sido "acidental", afirmando que o agente em causa confundiu a sua arma tasercom a arma de fogo e que pretendia apenas atordoar o jovem Daunte Wright, de 20 anos.

Daunte tinha sido mandado parar pelas autoridades na Avenida de Orchard, em Brooklyn Center, pelas 14 horas, por uma alegada violação das regras de trânsito. O jovem circulava na companhia da namorada quando o casal foi mandado parar.

Segundo a associação de defesa dos direitos civis União Americana pelas Liberdades Civis (ACLU na sigla original), a mãe do jovem diz que este foi mandado parar por ter um ambientador preso no espelho retrovisor, "algo que a polícia faz demasiadas vezes para discriminar pessoas negras", referem. Ainda segundo esta associação, a mãe de Wright estava ao telefone com o filho quando ele foi mandado parar e que ouviu os agentes a pedir que ele saísse do veículo. Depois ouviu apenas altercações e por fim o som de tiros. 

Num comunicado da polícia de Brooklin, Wright terá sido mandar parar por violação das regras de trânsito e as autoridades descobriram que havia um mandado emitido em seu nome por cumprir. Alegadamente, o jovem voltou a entrar no veículo enquanto as autoridades o tentavam deter. Foi neste contexto que um tiro foi disparado, ferido mortalmente o jovem.

Aos jornalistas, a mãe disse que ouviu os polícias a interpelarem o filho e depois tiros. "Quando voltei a telefonar, foi a namordada dele que atendeu e que ia no lugar do passageiro e disse que ele tinha sido abatido. Ela virou o telemóvel para o lugar do condutor e eu vi o meu filho já sem vida", referiu Katie Wright. 

Segundo as autoridades, as câmaras de vídeo instaladas nas fardas dos agentes estavam a funcionar na altura dos factos.

A morte de Daunte Wright motivou protestos violentos, com agentes da polícia a entrar em confronto com os manifestantes. As autoridades decretaram o  recolher obrigatório até à madrugada desta segunda-feira. "O recolher obrigatório vai estar em vigor até às 6h. Queremos garantir a segurança de todas as pessoas. Por favor, regressem a casa", disse o presidente da Câmara de Brooklyn Center, Mike Elliott, na noite de domingo. Os polícias dispararam balas de borrachas e usaram gás lacrimogéneo para tentar conter o avanço da multidão.

O governador do Minnesota, Tim Waltz, lamentou a morte de "mais um homem negro", às mãos "das forças da autoridade". 

O incidente aconteceu em Minneapolis, onde decorre o julgamento do polícia acusado da morte de George Floyd, em maio passado. O tiroteio ocorreu a cerca de 15 quilómetros do local onde George Floyd morreu, em maio do ano passado, depois de uma tentativa de detenção por parte da polícia. A morte de Floyd motivou centenas de protestos contra o racismo nos Estados Unidos e um pouco por todo o mundo.

A situação ocorreu a cerca de 16 quilómetros do local onde George Floyd foi assassinado, a 25 de maio, por agentes da polícia, num caso que está atualmente em julgamento.

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