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O que divide os eleitores de Kamala e de Trump? 

Débora Calheiros Lourenço 06 de novembro de 2024 às 10:24

A maioria dos negros e hispânicos apoiaram Kamala, no entanto o apoio ao democratas diminuiu quando comparado com a eleição de Joe Biden, em 2020.

Apoiantes de Kamala Harris são maioritariamente motivados pela democracia enquanto os apoiantes de Donald Trump pela inflação e imigração. Estes são alguns dos resultados da AP VoteCaste, uma pesquisa da Associated Press com base em 115 mil eleitores, que refere a existência de uma divisão nacional entre os democratas e os republicanos. 

A.P.

Os eleitores democratas afirmaram que o seu motivador primário foi a preocupação com o destino da democracia, o que parece ser um indicador de que o discurso da vice-presidente nas últimas semanas, durante as quais acusou Trump de ser fascista, pode ter surtido efeito em parte da população norte-americana. Cerca de dois terços destes eleitores consideraram que o futuro da democracia foi o fator mais importante para justificar os seus votos. Nenhum dos outros tópicos, incluindo os preços elevados, o direito ao aborto, o futuro da liberdade de expressão no país ou a possibilidade de eleger a primeira mulher, tiveram tanta importância no momento da decisão. 

Relativamente aos principais problemas enfrentados pelo país, os democratas dividiram-se por uma ampla gama de questões, sendo as mais mencionadas a economia, o acesso ao aborto, o direito a cuidados médicos e as alterações climáticas.  

Já os eleitores republicanos estavam amplamente focados nas questões relacionadas com a imigração e a inflação, questões que foram bastante abordadas por Trump durante toda a sua campanha. Entre as medidas mais populares prometidas pelo ex-presidente encontra-se o aumento da produção de petróleo para dinamizar mais a economia e reduzir os preços dos combustíveis.  

Cerca de metade dos apoiantes de Trump referiram que os preços altos que se sentem no país foram o que mais influenciou as suas decisões, quase o mesmo número de eleitores referiu o controlo da fronteira entre os Estados Unidos e o México. A economia e a falta de emprego foram consideradas os principais problemas enfrentados pelo país, por metade dos republicanos enquanto um terço fez referência ao problema da imigração. 

A pesquisa aponta ainda que as escolhas dos eleitores tendo por base a etnia, nível de educação e classe social se mantém muito semelhantes às da eleição de 2020. No entanto é referido a existência de algumas mudanças entre grupos demográficos, especialmente no que toca aos mais jovens, negros e latinos, que podem ter impacto nos resultados. Cerca de cada oito em dez eleitores negros apoiaram Kamala Harris, o que demonstra uma diminuição relativamente aos cerca de nove em dez que apoiaram Biden em 2020 e cerca de metade dos eleitores latinos votaram nos democratas, o que significa uma ligeira diminuição comparado com os seis em dez que apoiaram Biden.  

Assim como em 2020, mais de oito em cada dez eleitores de Trump eram caucasianos enquanto cerca de dois terços dos eleitores de Harris eram brancos, mantendo a tendência vista na eleição de Joe Biden, há quatro anos. Relativamente ao género cerca de metade das mulheres apoiaram os democratas enquanto cerca de metade dos homens apoiaram os republicanos, o que também significa a manutenção das tendências de 2020. 

No que toca à educação mais de metade dos eleitores com um diploma universitário apoiaram Kamala Harris enquanto cerca de metade dos que não têm qualquer educação universitária votaram em Trump. Além disso os democratas mantiveram-se mais fortes nas grandes cidades e subúrbios enquanto os republicanos têm a maioria dos seus apoiantes nas cidades mais pequenas e nas áreas rurais.  

Neste momento ainda não é conhecido o resultado das eleições, mas Donald Trump já leva alguma vantagem sobre Kamala Harris e parece podem ter sido mesmo estes grupos a ditar um desfecho diferente do que permitiu a eleição de Joe Biden. As prioridades tão distintas dos diferentes eleitores criam desafios para o futuro presidente dos Estados Unidos conseguir alcançar uma população unida. 

As qualidades dos dois candidatos também foram avaliadas de forma muito diferente, Trump foi considerado um líder mais forte enquanto Kamala foi vista como tendo o caráter moral adequado para se ser presidente. Quase seis em cada dez referiram que Trump não tinha caráter moral para ser presidente devido às suas condenações criminais, retórica frequentemente inflamatória, comentários e ações sexistas e não ter reconhecido os resultados das últimas eleições, onde saiu derrotado. 

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