"O momento é muito grave", admite Governo português
Em Caracas, novo protesto fez mais de 80 feridos
Mais de 80 pessoas ficaram feridas num novo protesto contra o governo da Venezuela em Caracas. Os números foram avançados pelas autoridades venezuelas, dirigentes da oposição e pelos próprios centros de saúde. O posto de atendimento do município de Baruta (estado de Miranda, distrito metropolitano de Caracas) denunciou que efectivos das forças de segurança que actuavam para conter o protesto lançaram bombas de gás lacrimogéneo muito perto de um dos seus postos médicos, onde assistiam feridos. O Salud Baruta afirmou que crianças, transeuntes e pessoas que se encontravam no seu local de trabalho foram afectadas pelo gás. "É inaceitável e desumano", disse o organismo.
Os municípios de Baruta e Chacao são diariamente palco de protestos contra o governo, que desde o passado dia 1 de Abril já causaram 59 mortos e um milhar de feridos, segundo números do Ministério Público.
"O momento é muito grave"
Também em Caracas, o secretário de Estado português das Comunidades, José Luís Carneiro, garantiu que os portugueses radicados na Venezuela estão conscientes da gravidade do momento que estão a passar e o Governo português tudo fará para acolher os que decidam regressar a Portugal.
"O momento é muito grave. O momento que se vive na Venezuela é muito, muito grave, e os portugueses estão conscientes da gravidade do momento que estão a passar", disse à agência Lusa no âmbito de uma visita de quatro dias à Venezuela, que começou na terça-feira, durante a qual se reuniu com portugueses, empresários, dirigentes associativos, nas cidades venezuelanas de Maracay e Valência.
"O mais surpreendente de tudo aquilo que encontrei é uma vontade muito grande de vencerem estas dificuldades e poder ver, testemunhar, in-loco portugueses que foram vítimas de assaltos, de assaltos que destruíram o seu património, que destruíram os seus estabelecimentos e já se encontram a tentar recuperar esses estabelecimentos, já se encontram de novo a abrir as portas e a afirmarem que querem fazer da Venezuela o seu país de futuro", disse.
Por outro lado explicou que "naturalmente que as novas gerações, as gerações da segunda e terceira geração e nomeadamente os seus pais vivem angustiados com o seu futuro e começam a perspectivar e a verificar como é que poderão encontrar saídas para esses seus filhos".
"E, procuram também saber como é que podem aceder ao ensino superior em Portugal e como é que Portugal poderá acolher alguns desses portugueses, no futuro", disse.
O Secretário de Estado das Comunidades transmitiu "a todos, por um lado uma mensagem de proximidade, de querer estar com eles [portugueses] nos momentos mais difíceis que estão a passar e ao mesmo tempo também os braços abertos de Portugal para os receber se essa for a sua decisão".
"Mas a grande maioria, mais de 90% das pessoas com quem falei mostraram a vontade de recuperarem os seus estabelecimentos, de investir na Venezuela, por sentirem que pese embora este momento profundamente grave por que estão a passar a Venezuela ser um país com muitas oportunidades de investimento e muitas oportunidades em relação ao futuro", rematou.
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