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Ministro israelita diz que Gaza será "totalmente destruída"

Lusa 06 de maio de 2025 às 14:37

Smotrich argumentou que a população da Faixa de Gaza será "expulsa" numa "questão de meses", à medida que o exército israelita for implementando o novo plano para o enclave palestiniano.

O ministro das Finanças israelita, Bezalel Smotrich, de extrema-direita, afirmou esta terça-feira que a Faixa de Gaza será "totalmente destruída" após a guerra em curso entre Israel e o movimento islâmico palestiniano Hamas.

Gaza vista de Israel AP Photo/Ohad Zwigenberg)

Questionado sobre a sua visão para Gaza do pós-guerra numa conferência de imprensa no colonato israelita de Ofra, na Cisjordânia ocupada, Smotrich argumentou que a população do enclave, depois de ser obrigada a deslocar-se para o sul, começará a "sair em grande número para países terceiros".

Smotrich argumentou que a população da Faixa de Gaza será "expulsa" numa "questão de meses", à medida que o exército israelita for implementando o novo plano para o enclave palestiniano, que inclui a expansão das operações militares para "conquistar" o território.

"A vitória de Israel significa a destruição total do território", afirmou durante um comício no colonato ilegal de Ofra, situado a norte de Jerusalém.

Smotrich defendeu que a população de Gaza terá de ir para sul, para "uma zona estabelecida onde o Hamas e o terrorismo não estejam presentes". 

"A partir do sul, seguirão um corredor humanitário e começarão a partir em massa para outros países", disse, de acordo com o Canal 7.

Na segunda-feira, o próprio Smotrich instou os israelitas a "abraçar a palavra 'ocupação'" em relação à Faixa de Gaza e garantiu que o governo "não entregará" estes territórios, mesmo em troca de reféns. "A única maneira de libertar os reféns é subjugar o Hamas. Qualquer retirada provocará o próximo 07 de outubro", afirmou.

O ministro israelita explicou ainda que esta "ocupação" prolongada é uma "etapa preliminar" necessária antes da imposição da "soberania" israelita sobre o enclave. "Primeiro, vamos derrotar o Hamas e impedir a sua existência", afirmou.

Israel decidiu intensificar a guerra contra o Hamas em Gaza, num plano que inclui conquistar mais território no enclave palestiniano sitiado e convocar dezenas de milhares de reservistas.

O plano, executado de forma gradual, marcará uma escalada significativa nos combates em Gaza, retomados em meados de março, depois de Israel e o Hamas não terem conseguido chegar a acordo sobre a possível extensão da trégua de oito semanas.

No domingo, o chefe do Estado-Maior Militar de Israel, tenente-general Eyal Zamir, referiu que o exército estava a convocar dezenas de milhares de reservistas, que Israel "operaria em áreas adicionais" em Gaza e que continuaria a atacar a infraestruturas militares.

Israel já controla cerca de metade do território de Gaza, incluindo uma zona ao longo da fronteira com Israel, e três corredores que se estendem de leste a oeste ao longo da faixa.

Este cenário faz concentrar muitos palestinianos a faixas de terra cada vez mais pequenas no devastado território. Israel tem vindo a aumentar a pressão sobre o grupo militante Hamas, incentivando a demonstrar mais flexibilidade nas negociações.

No início de março, Israel suspendeu a entrada de ajuda em Gaza, uma proibição que continua em vigor e que mergulhou o território de 2,3 milhões de pessoas na pior crise humanitária da guerra.

A 18 de março, Israel retomou os ataques no território, e morreram mais de 2.600 pessoas nas semanas seguintes, muitas delas mulheres e crianças, de acordo com autoridades de saúde locais.

O cessar-fogo anterior tinha como objetivo levar as partes a negociar o fim da guerra, mas esse objetivo tem sido um ponto de discórdia recorrente nas negociações entre Israel e o Hamas.

A guerra em Gaza começou quando militantes liderados pelo Hamas, em outubro de 2023, atacaram o sul de Israel, matando 1.200 pessoas e fazendo cerca de 250 reféns. Israel afirma que 59 reféns permanecem em Gaza, embora se acredite que cerca de 35 estejam mortos.

A ofensiva israelita matou mais de 52.000 pessoas em Gaza, muitas delas mulheres e crianças, segundo autoridades de saúde palestinianas, que não distinguem, nas contagens, combatentes e civis.

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