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Mais de 20 feridos e 130 detidos nos protestos dos "coletes amarelos"

24 de novembro de 2018 às 20:00

Em Paris, viveram-se momentos de tensão com a polícia a tentar controlar os manifestantes nos Campos Elísios, Paris, através do lançamento de granadas de gás lacrimogéneo, canhões de água e perímetros de segurança.

Os protestos dos chamados "coletes amarelos", que decorreram este sábado em França, deixaram mais de 20 feridos só nos Campos Elísios, em Paris, incluindo 5 polícias . Num balanço revelado pelo Ministério do Interior francês, foi ainda revelado que 130 pessoas pessoas foram detidas, 42 delas em Paris.

Segundo o Le Monde, com dados revelados cerca das 19h00, o governo francês avançou que 106 mil "coletes amarelos" se manifestaram em todo o país. No passado sábado saíram às ruas 244 mil.

Nos Campos Elísios, em Paris, a situação chegou a ser tensa e a polícia tentou controlar os manifestantes através do lançamento de granadas de gás lacrimogéneo, canhões de água e perímetros de segurança.

Sem líder, nem orientação centralizada, os chamados "coletes amarelos" recuvam e avançavam consoante conseguiam, dando indicações em voz alta, e reclamando da ação da polícia.

"São as forças da ordem que nos atacaram. Estamos aqui desde manhã e vimo-los a atacar mesmo pessoas mais velhas. Os "coletes amarelos" não são violentos, eles [polícia] é que nos obrigam a agir assim. Por mim, até que a polícia se acalme, vamos ficar aqui", disse Hervé em declarações à Lusa, vindo da Bretanha com amigos para se manifestar.

Se alguns manifestantes escolhiam tentar falar com as forças da ordem, outros não hesitavam em atirar pedras e insultar os polícias. "Eles vivem o mesmo que nós, ganham mal e também saem à rua. Hoje estão contra nós e têm ordens de usar a força contra nós, mas nós somos muitos", disse Oliver, parisiense de 28 anos que agitava a bandeira francesa à frente dos polícias.

A avenida mais famosa de Paris estava repleta de material de construção, garrafas de vidro e invólucros de gás lacrimogéneo.

Os lojistas barricaram-se dentro das lojas, espreitando de vez em quando, impotentes contra o derrube de vasos e roubo de cadeiras e mesas por parte dos manifestantes.

Perto da praça da Concórdia, cerca de 20 carrinhas de polícia isolavam esse perímetro, enquanto havia duas barreiras móveis no centro da avenida e no topo, junto ao Arco do Triunfo, cada uma com mais 20 a 30 carrinhas da polícia, incluindo carrinhas de detenção de manifestantes e camiões com canhões de água.

Uma visão que espantou Emanuel, "colete amarelo" luso-descendente, vindo do Sul de França. "Só viemos dizer que há muitos impostos, não estamos aqui parar partir isto tudo. Espero que o Governo oiça a cidade, é preciso baixar os impostos, apoiar os reformados", disse o luso-descendente, afirmando que nunca viu "coisas assim" em França.

Le Pen nega incentivo à violência
Os "coletes amarelos" são um movimento cívico à margem de partidos e sindicatos, criado nas redes sociais e alimentado pelo descontentamento da classe média-baixa. Surgiu inicialmente como protesto contra o aumento dos combustíveis, mas foi alargando o descontentamento em relação a várias medidas do presidente francês, Emmanuel Macron.

O ministro francês do Interior atribuiu responsabilidades à líder de extrema-direita Marine Le Pen pelos distúrbios nas manifestações dos "coletes amarelos" na zona dos Campos Elísios.

Castaner atribuiu responsabilidade a Marine Le Pen pelos distúrbios, recordando que, através da rede social "Twitter", a líder de extrema-direita apelou aos manifestantes para se dirigirem aos Campos Elísios, apesar da proibição expressa de se concentrarem nessa avenida da capital francesa.

A líder da União Nacional recusou as acusações e disse que "nunca apelou a qualquer violência". "Eu perguntei ao Governo na sexta-feira as razões pelas quais os ‘coletes amarelos’ não se podiam manifestar nos Campos Elísios. Nunca apelei, evidentemente, a qualquer tipo de violência", afirmou Le Pen.

(notícia actualizada às 20h00 com novo número de feridos)

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