Madrid não tem dúvidas: Jovens catalães estão “coordenados”
Governo central diz que está a ser investigado "quem está por detrás" desses grupos "minoritários, mas coordenados" tendo garantido que vão ser julgados e castigados de acordo com a lei.
Os confrontos violentos que têm assolado aCatalunhanos últimos dias, com especial destaque para a cidade de Barcelona, têm criado mais uma clivagem entre o governo espanhol e o executivo regional. Tudo por causa dos grupos de jovens radicais que têm espalhado o caos na capital da região autónoma e que aGeneralitatinicialmente definiu como "infiltrados".
Esta quinta-feira, a porta-voz do governo espanhol, Isabel Celáa, defendeu que estes grupos são compostos por "jovens catalães coordenados". "O que estão a fazer não se improvisa e os apoios que eventualmente estão a receber são alvo de investigação, neste momento", disse a porta-voz do governo em entrevista à Radio Euskadi.
Celáa acrescentou que a declaração institucional de Torra sobre os confrontos "não convenceu totalmente o Executivo", destacando que se verificaram condenações "mais claras" por parte de outros protagonistas políticos, como a Esquerda Republicana da Catalunha (ERC) e o próprio conselheiro do Interior do governo autónomo catalão, Miquel Buch. "A declaração de Torra teve muitas nuances e modulações. Falou de 'infiltrados', mas todos vimos que são jovens catalães", disse, ironizando: "A maior esquizofrenia vem de quem impulsionou a saída às ruas (referindo-se a Torra) e que depois quer que o 'tigre' regresse à jaula. Não é assim tão fácil."
Isabel Celáa disse que neste momento está a ser investigado "quem está por detrás" desses grupos "minoritários, mas coordenados" tendo garantido que vão ser julgados e castigados de acordo com a lei.
Já hoje, o presidente do governo regional da Catalunha,Quim Torra, anunciou que "será preciso investigar até ao fim para se ficar a saber quem está por detrás dos incidentes" que ocorrem nas ruas da Catalunha depois de ter sido conhecida a sentença sobre os implicados no "Processo".
Na quarta-feira, Torra afirmou que os responsáveis pelos desacatos são "infiltrados", mas hoje disse que se "há provocadores e agitadores que querem alterar o rumo das manifestações pacíficas é preciso isolá-los e afastá-los".
Mesmo assim, Torra acrescentou que ninguém deve "criminalizar a desobediência civil" e instou o conselheiro do Interior do governo local a "investigar qualquer situação irregular que tenha acontecido". Torra disse também que deve ser feita a "autocrítica" sobre as cargas da polícia regional (Mossos d'Esquadra).
Por outro lado, no âmbito político, Torra revelou que queria uma proposta para uma "república da Catalunha" pronta até à primavera de 2020 e apelou a uma nova votação para decidir a independência da Catalunha.
Os movimentos de protesto começaram na segunda-feira, depois ser conhecida a sentença contra os principais políticos catalães responsáveis pela tentativa de independência em outubro de 2017.
Os juízes decidiram condenar nove deles a penas de até 13 anos de prisão por delitos de sedição e peculato.
Depois do anúncio da sentença, os independentistas começaram a fazer cortes de estradas e de vias de caminho-de-ferro um pouco por toda a Catalunha.
Nas últimas três noites as manifestações ficaram marcadas por confrontos entre grupos violentos e as forças de segurança.
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