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Macron apanhado a consumir cocaína? O que se sabe desse momento

Luana Augusto 14 de maio de 2025 às 12:02

Um objeto branco está a gerar controvérsia. Enquanto que na internet se defende que se trata de cocaína, a presidência francesa já veio dizer que se trata de um lenço de papel.

O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, o presidente francês, Emmanuel Macron, e o chanceler alemão, Friedrich Merz, estiveram recentemente na cimeira da coligação de vontades em Kiev, na Ucrânia, mas o que deu que falar foi a sua viagem de comboio com partida da Polónia. Nas redes sociais começaram a espalhar-se mensagens que alegavam que o trio havia sido apanhado a consumir cocaína.

Stefan Rousseau/Pool Photo via AP

No centro desta controvérsia está um vídeo, publicado na passada sexta-feira e partilhado por diversas pessoas na internet, que mostra um objeto branco junto ao copo do presidente francês. Acontece que, assim que os jornalistas e os fotógrafos se aproximaram dos chefes de Estado, Macron desviou este objeto e Merz escondeu um outro numa pasta.

Estas imagens, obtidas pela Associated Press, chegaram às redes sociais, muitas delas já manipuladas. Aqui, milhares de utilizadores apressaram-se a garantir que este objeto era um saco de cocaína e que o que Merz tinha na sua posse era uma colher de rapé, utilizada para a insuflação nasal de substâncias em pó. Porém, através da ampliação da imagem é possível verificar que se trata de um lenço de papel.

Uma estratégia russa?

O caso chegou até à Rússia, com altos escalões do governo russo, como a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Maria Zakharova, a criticarem o trio num canal do Telegram e a insinuarem que ambos "se drogaram". "Aparentemente, tanto que se esqueceram de retirar os seus instrumentos (saco e colher) antes da chegada dos jornalistas", alegou.

Esta não é a primeira vez que as autoridades russas divulgam acusações infundadas de uso de drogas por líderes ocidentais. Em dezembro do ano passado, o ex-presidente russo Dmitry Medvedev, um dos associados mais próximos do atual presidente, Vladimir Putin, alegou que o governo ucraniano estava a prolongar a guerra porque era "a única maneira de preservar o poder de um viciado em drogas ilegítimo".

Também em 2022, várias contas pró-Rússia divulgaram um vídeo de Zelensky supostamente a admitir o uso de cocaína. No entanto, a agência noticiosa Reuters rapidamente descreveu estas alegações como "alteradas digitalmente".

No mesmo ano, logo após a Rússia ter lançado a ofensiva, o presidente russo acusou o seu homólogo ucraniano de liderar um governo de "nazis" e "viciados em drogas".

O que já disseram os líderes?

Como consequência, o Palácio do Eliseu viu-se obrigado a desmentir o caso. Através do X, a presidência francesa confirmou que o saco de cocaína não era nada mais nada menos do que um lenço de papel e alegou que as fake news foram espalhadas por inimigos de França.

"Quando a unidade europeia se torna inconveniente, a desinformação vai ao ponto de fazer com que um simples lenço de papel pareça droga", afirmou o gabinete do presidente. "Para agravar o absurdo, o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia juntou-se ao esforço de desinformação, com a sua porta-voz oficial, Maria Zakharova, a fazer eco da mentira publicamente. Este é mais um exemplo de como a Rússia recorre a truques de propaganda em vez de praticar a diplomacia. Se o Ministério dos Negócios Estrangeiros russo está a tentar fazer explodir um escândalo internacional por causa de um guardanapo, isso significa claramente que Moscovo ficou sem argumentos reais."

O caso foi também negado pela CDU de Merz. "Na verdade, é apenas um lenço", esclareceu o partido numa mensagem publicada na sua conta no X. "Muitos partidos estão a tentar influenciar a opinião pública por meio de campanhas de desinformação. Os inimigos da nossa democracia estão a tentar deliberadamente enfraquecer a unidade europeia e a coesão social", acrescentou.

Desinformação

Estas imagens chegaram a ser partilhadas na internet por várias contas pró-russas e vários meios de comunicação social pró-kremlin. Além disso, também algumas figuras de extrema-direita ocidental espalharam desinformação, como o ativista britânico anti-islâmico Tommy Robinson e ainda o norte-americano Alex Jones.

Enquanto isso, em França, destacou-se o político Florian Philippot - ex-braço direito de Marine Le Pen. "Quando os fotógrafos chegam no meio da festa do pijama, os três idiotas parecem desconfortáveis: o que Macron está a esconder?", questionou.

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