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Justiça libanesa quer chamar ex-presidente da Renault-Nissan após pedido da Interpol

03 de janeiro de 2020 às 17:10

Carlos Ghosn estava em prisão domiciliária no Japão a aguardar julgamento por, entre outros crimes, evasão fiscal, mas chegou no domingo ao Líbano.

A justiça libanesa pretende convocar o ex-presidente da Renault-Nissan,Carlos Ghosn, que fugiu do Japão, onde é acusado de peculato financeiro, para o ouvir, após um pedido de detenção da Interpol disse esta sexta-feira fonte judicial à France-Presse.

As autoridades libanesas anunciaram que o antigo presidente da Renault-Nissan entrou no país "legalmente" na segunda-feira, lembrando que não há acordo de extradição com o Japão.

No entanto, o Líbano recebeu na quinta-feira um aviso vermelho ('Red Notice') da Interpol relativo a Carlos Ghosn.

Os chamados avisos vermelhos da Interpol são solicitações às agências policiais em todo o mundo para que localizem e detenham provisoriamente um fugitivo procurado.

Conforme exige o procedimento, Ghosn deve ser chamado na próxima semana para ser ouvido pelo Ministério Público, referiu uma fonte judicial à agência de notícias France-Presse (AFP).

"A justiça libanesa é obrigada a ouvi-lo. Mas pode decidir se quer detê-lo ou deixá-lo em liberdade", salientou a mesma fonte, acrescentando que o empresário pode ser chamado na terça ou na quarta-feira.

Carlos Ghosn, empresário franco-brasileiro de origem libanesa, estava em prisão domiciliária no Japão a aguardar julgamento por, entre outros crimes, evasão fiscal, mas chegou no domingo ao Líbano, informação confirmada pelos serviços de segurança libaneses.

Segundo o jornal libanês al-Joumhouriya, Carlos Ghosn terá chegado a Beirute num avião privado proveniente da Turquia.

Uma companhia aérea turca indicou que os seus jatos foram usados ilegalmente na fuga de Ghosn do Japão.

A MNG Jet, com sede em Istambul, anunciou hoje que apresentou uma queixa-crime na Turquia sobre o uso ilegal dos seus serviços de jatos fretados.

Segundo a companhia aérea, um funcionário da empresa, que estava sob investigação pelas autoridades turcas, admitiu falsificar registos e "confirmou que agiu sozinho" sem o conhecimento da MNG Jet.

A empresa indicou que alugou dois jatos privados separados: um de Dubai para Osaka, Japão, e Osaka para Istambul e outro de Istambul para Beirute.

"Os dois alugueres aparentemente não estavam ligados um ao outro. O nome de Ghosn não apareceu na documentação oficial de nenhum dos voos", referiu a MNG Jet em comunicado.

O comunicado não informa a quem os jatos foram alugados.

Carlos Ghosn, antigo 'chairman' (presidente do conselho de administração) e presidente executivo do grupo Nissan e da aliança Renault-Nissan-Mitsubishi, foi detido em Tóquio em 19 de novembro de 2018 por suspeita de abuso de confiança e evasão fiscal.

O empresário, que esteve detido durante vários meses no Japão, foi, posteriormente, libertado em março de 2019, após o pagamento de uma caução, mas acabou por ser novamente preso, no início de abril, e novamente libertado sob caução e sujeito a condições restritas (prisão domiciliária).

Os advogados e a família de Carlos Ghosn, de 65 anos, têm criticado fortemente as condições da detenção do empresário, bem como a forma como a justiça nipónica tem gerido os procedimentos deste caso.

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