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Justiça francesa agrava para 10 anos de prisão sentença de violador de Gisèle Pelicot

Lusa 09 de outubro de 2025 às 18:32

Husamettin Dogan tinha sido condenado em primeira instância a nove anos de prisão.

O Tribunal de Recurso de Nimes, no sul de França, agravou a condenação de Husamettin Dogan para 10 anos de prisão, mais um que na primeira instância, por ter violado Gisèle Pelicot em 2019, quando se encontrava drogada.
Justiça francesa aumenta pena para violador de Gisèle Pelicot para 10 anos AP Photo/Lewis Joly
"O tribunal e o júri condenam Husamettin Dogan a 10 anos de prisão" com acompanhamento sociojudicial com "providência cautelar de 5 anos", anunciou o presidente da instância judicial, Christian Pasta. O homem, de 44 anos, pai e operário, foi o único que recorreu da sentença em que mais de 50 homens foram também considerados culpados de agressão sexual e violação sob submissão química. Husamettin Dogan tinha sido condenado em primeira instância a nove anos de prisão. A sentença foi proferida após quase três horas de deliberação e quatro dias de audiências neste novo julgamento, emblemático dos temas de violência sexual, consentimento e administração de produtos químicos. Dogan alegou durante os primeiros três dias da audiência que foi "enganado" por Dominique Pelicot, ex-marido da vítima, a quem descreveu como um "manipulador". De acordo com a sua versão, pensava que Pelicot tinha obtido o consentimento da mulher, o que já foi negado no primeiro julgamento, que terminou em dezembro de 2024. "É claro que Giséle Pelicot não consentiu isso", disse hoje o procurador Dominique Sié, apontando Dogan como totalmente responsável por um crime de violação agravada cometido em junho de 2019 na cidade de Mazan, no sul da França. O procurador recordou que a mulher aparece imóvel nos vídeos e que tanto os peritos que compareceram no julgamento como outros arguidos descartaram que tenha havido qualquer consentimento, relatou a estação televisiva Franceinfo. O Ministério Público pediu, neste recurso, uma pena de 13 anos de prisão, o mesmo que no primeiro julgamento, em que 51 homens foram condenados por agressão sexual e violação de Gisèle Pelicot, sem o seu conhecimento, tendo como principal culpado o ex-marido, que assumiu a pena máxima de 20 anos de prisão. Neste julgamento, o Ministério Público apontou a evolução nula de Husamettin Dogan, que continua a negar a violação apesar dos 14 vídeos de cerca de meia hora no total que provam o crime. Gisèle Pelicot também repreendeu Dogan na quarta-feira por se apresentar como uma "vítima" de Dominique Pelicot. "Vítima de quê? A única vítima nesta sala sou eu. Assuma a responsabilidade pelas suas ações e pare de se esconder atrás da sua cobardia", afirmou. Apesar de uma noite de violação estar agora a ser julgada, este caso é apenas parte do que a vítima sofreu durante quase uma década. Dominique Pelicot administrava altas doses de comprimidos para dormir e ansiolíticos à mulher, diluídos em comida, fazendo com que ela entrasse pouco depois num sono profundo - à beira do coma, segundo os especialistas. Era então que ele e os outros homens aproveitavam para cometer os crimes. Todos os atos foram registados em centenas de fotos e vídeos que Dominique Pelicot fez, com o conhecimento dos outros abusadores, que às vezes levantavam um polegar para cima em frente à câmara, enquanto a mulher estava completamente inerte.
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