Jornalista revela mensagens do grupo com altos funcionários da administração Trump sobre ataques ao Iémen
Donald Trump e outros funcionários ligados à segurança dos Estados Unidos defenderam que as mensagens enviadas para o grupo onde, por lapso, foi adicionado o diretor da The Atlantic não eram confidenciais. Agora Jeffrey Goldberg publicou-as para que os leitores tirem "suas próprias conclusões”.
Depois de o diretor da revista norte-americana The Atlantic, Jeffrey Goldberg, ter revelado que foiincluído num grupo de altos funcionários da Casa Branca onde foram discutidos os detalhes do ataque dos Estados Unidos ao IémenDonald Trump foi questionado sobre o caso e decidiu responder: "Ninguém enviou os planos de guerra por mensagens de texto. É tudo o que tenho a dizer sobre o caso".
Também a diretora da inteligência norte-americana, Tulsi Gabbard, e o diretor da Agência Central de Inteligência, John Ratcliffe, foram questionados sobre o mesmo assunto no Senado. Gabbard defendeu: "Não foi partilhado material confidencial naquele grupo". Já Ratcliffe garantiu que as suas comunicações naquele grupo "eram inteiramente permitidas e legais e não incluíam informações confidenciais".
Agora, e sentindo que a sua versão estava a ser posta em causa, Jeffrey Goldberg decidiu expor o conteúdo das mensagens uma vez que acredita que "as pessoas devem ver os textos e chegar às suas próprias conclusões". Considerando ainda que "há um claro interesse público em divulgar o tipo de informação que os conselheiros de Trump incluíram em canais de comunicação não seguros, especialmente porque figuras seniores da administração estão a tentar minimizar a importância das mensagens que foram partilhadas".
Goldberg recebeu informações sobre os ataques ao Iémen duas horas antes do início dos bombardeamentos, que incluem os horários exatos em que os aviões americanos iriam descolar. No dia 15 de março, dia do ataque aos Huthis, foi feita uma atualização no grupo, pelas 11h44 locais, por parte de Pete Hegseth, secretário de Defesa dos Estados Unidos, onde era partilhado: "O clima está favorável. Acabei de confirmar com o Comando Central dos Estados Unidos que estamos prontos para o lançamento da missão".
Às 12h15 nova atualização: "Lançamento de F-18s (1º pacote de ataque) e às 13h45: "Inicia-se a janela temporal do 1º ataque do F-18 (o terrorista alvo está na sua localização conhecida, por isso deve chegar à hora - lançamento de drones de ataque (MQ-9s)".
Pouco tempo depois, às 14h10, foi anunciado o lançamento do "mais F-18s", pertencentes ao "2º pacote de ataques" e passados apenas cinco minutos: "Ataque drones no alvo (este é o momento em que as primeiras bombas definitivamente cairão, dependendo dos alvos anteriores)". Às 15h36 é feito o anúncio final: "Atualmente estamos limpos, isto é, em segurança nacional. Boa sorte aos nossos guerreiros".
É aqui que o vice-presidente norte-americano JD Vance enviou a primeira mensagem do dia para a grupo: "Farei uma oração pela vitória".
Antes de partilhar os detalhes, a The Atlantic entrou em contacto com a Agência Central de Inteligência, o Gabinete do Diretor de Inteligência Nacional, o Conselho de Segurança Nacional, o Departamento de Defesa e a Casa Branca para informar que, após as declarações prestadas por altos funcionários norte-americanos, a revista estava a pensar publicar a totalidade das mensagens. Da Casa Branca surgiu como resposta: "Como afirmamos repetidamente, não houve nenhuma informação confidencial transmitida na conversa de grupo. No entanto, o diretor da CIA e o Conselheiro de Segurança Nacional expressaram hoje que isso não significa que encorajamos a divulgação da conversa. A intenção era que [as mensagens do grupo] fosse uma deliberação interna e privada entre altos funcionários e informações confidenciais foram discutidas".
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