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Irão comete “crimes contra a humanidade” para controlar manifestantes

Débora Calheiros Lourenço 09 de março de 2024 às 16:59

Os protestos relacionados com o movimento "Mulher, Vida, Liberdade" desencadearam a maior parte dos incidentes, especialmente depois da morte de Jina Mahsa Amini.

A forma como as autoridades iranianas têm "reprimido protestos pacíficos" e a "discriminação institucional contra mulheres e raparigas" praticada no país consistem em violações dos direitos humanos constituem "crimes contra a humanidade", afirma umrelatório das Nações Unidas.

REUTERS/Christian Mang

Entre as violações dos direitos humanos denunciadas pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos encontram-se "assassinatos e homicídios extrajudiciais e ilegais, uso desnecessário e desproporcional da força, privação arbitrária de liberdade, tortura, violação, desaparecimento forçados e perseguição de género".

Os protestos relacionados com o movimento "Mulher, Vida, Liberdade" desencadearam a maior parte dos incidentes, especialmente depois da morte da jovem curda de 22 Jina Mahsa Amini, em setembro de 2022, enquanto se encontrava detida pela polícia da moralidade.

A Missão Internacional Independente de Apuramento de Factos sobre a República Islâmica do Irão foi constituída para analisar as alegações de deterioração das condições dos direitos humanos no Irão.

A realidade é que os direitos das mulheres no Irão se encontram amplamente limitados desde a Revolução Islâmica de 1979, mas a morte de Mahsa Amini deu um novo rosto à luta do movimento "Mulher, Vida, Liberdade" e no aniversário de um ano da sua morte os protestos eclodiram novamente em todo o país.

Segundo a missão internacional da ONU Mahsa Amini terá sofrido de atos de violência física enquanto estava sob custódia da polícia da moralidade, o que levou à sua "morte ilegal". O comunicado acusa ainda que "em vez de investigar esta morte ilegal de forma rápida, eficaz e completa, conforme o exigido pelo direito internacional, o governo ofuscou-a ativamente a verdade e negou justiça".

O Irão mobilizou "todo o aparelho de segurança do Estado para reprimir" os manifestantes e, segundo o relatório, 551 manifestantes terão sido mortos pelas forças de segurança, entre eles pelo menos 68 eram crianças.

O relatório da ONU concluiu que as autoridades estatais "encorajaram, sancionaram e endossaram violações dos direitos humanos através de declarações que justificam os atos e a conduta das forças de segurança".

Já após a publicação deste relatório foi tornado público que recentemente duas jovens foram presas no país depois de terem divulgado um vídeo em que estavam a dançar perto da Praça Tajrish durante as celebrações do Ano Novo persa.

"O procurador de Teerão ordenou a prisão de duas mulheres por violarem as normas sociais dançando em Tajrish", afirmou a agência de notícias local Tasnim. A lei islâmica em vigor no Irão proíbe danças mistas ou de mulheres sozinhas em público.

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