Secções
Entrar

Governo apresenta em Janeiro plano de contingência para o Brexit

03 de janeiro de 2019 às 15:11

"Temos trabalhado no plano de preparação para o 'Brexit'", afirmou o ministro dos Negócios Estrangeiros Augusto Santos Silva. Saída do Reino Unido da UE está marcada para 29 de Março.

O Governo português vai divulgar este mês um plano de contingência no caso de um 'Brexit' sem acordo e pretende assegurar a concertação de posições com o novo Governo doBrasil, referiu hoje oministro dos Negócios Estrangeiros.

"Temos trabalhado no plano de preparação para o 'Brexit', que tem uma componente no caso de uma saída ordenada do Reino Unido com acordo, e tem uma componente de contingência, se a saída for feita sem acordo, absolutamente indesejável do nosso ponto de vista", disse hoje Augusto Santos Silva, à margem da sessão inaugural do seminário diplomático 2019, que se realiza hoje e sexta-feira em Lisboa.

O ministro português recordou nas declarações aos jornalistas que aComissão Europeiajá divulgou em dezembro um plano de contingência com as medidas que devem ser adotadas a nível europeu, em particular nas áreas de circulação de pessoas, transportes e serviços financeiros básicos.

"Essas medidas já foram decididas, a sua lógica é prolongar unilateralmente o 'status quo' atual durante mais uns meses", assinalou, quando o parlamento britânico se prepara para discutir e votar o acordo do 'Brexit' negociado entre Londres e a União Europeia (UE), e com a possibilidade de uma rejeição do texto e uma eventual saída desordenada em 29 de março.

"Há uma componente nacional que está a ser preparada pelo Governo português e que tornará público em janeiro", confirmou Augusto Santos Silva.

"Se essa votação chumbar o acordo, Portugal tornará imediatamente público o seu plano de contingência para o cenário de saída sem acordo; ou se o processo britânico se arrastar, teremos de tomar público o nosso plano de contingência. Diria que no mês de janeiro o plano de contingência nacional será também público", acrescentou, incluindo no caso de um eventual e novo adiamento da decisão britânica.

Augusto Santos Silva revelou ainda que já foi preparada uma campanha entre o ministério da Administração Interna e o ministério dos Negócios Estrangeiros dirigida aos cidadãos britânicos residentes em Portugal e destinada a "salvaguardar" os seus direitos no pós-'Brexit'.

"Se a sua situação em Portugal já estiver regularizada, se tiverem autorizações permanentes de residência, não precisam de fazer nada. Se estiverem a residir em Portugal, mas ainda não tiverem comunicado a residência às autoridades municipais, devem fazê-lo. De uma maneira, se houver acordo, e de uma outra maneira se não houver acordo. Temos uma campanha própria e pronta para esses dois cenários".

O chefe da diplomacia portuguesa sustentou ainda que os 27 Estados-membros da UE se contiveram "durante muito tempo" na publicação dos seus planos de contingência, em caso de não acordo, "apenas para não criar a ideia de que nós já estávamos a dar por adquirido que o esforço do Governo britânico em negociar connosco tinha sido em vão".

No entanto, e com a aproximação do dia 29 de março, a data para o abandono definitivo do Reino Unido, é preciso divulgá-lo, disse.

O ministro dos Negócios Estrangeiros recordou ainda que Portugal, logo após o referendo britânico de junho de 2016 que ditou a saída da UE, ativou de imediato "o processo para obter todas as garantias para os portugueses que residem no Reino Unido", que foram "garantidas" num processo que "está a decorrer normalmente".

Nas suas declarações, Augusto Santos Silva também abordou o tema das migrações, para enfatizar a necessidade de uma "resposta comum e global da UE", quando as rotas migratórias do Mediterrâneo se têm deslocado ultimamente para a região ocidental, em particular a Espanha.

"Enquanto a resposta europeia não for concluída, temos trabalhado no plano bilateral, designadamente com a Alemanha. Portugal é um país que oferece sistematicamente mais do que aquilo que lhe cabe pelas cotas decididas a nível europeu em matéria de capacidade de acolhimento e integração de refugiados e migrantes", sustentou.

Após elogiar a aprovação na Assembleia Geral das Nações Unidas do Pacto Global das Migrações em 19 de dezembro, que deverá ser "celeremente definida e aprovada", o chefe da diplomacia defendeu ainda que "os migrantes e as migrações não são um problema", mas admitiu que "podem ter peso no comportamento eleitoral das pessoas".

E precisou: "É preciso distinguir com clareza o que são refugiados e o que são migrantes. O acolhimento dos refugiados é uma obrigação moral e legal, a política das migrações tem uma parte nacional, os Estados são soberanos, a nossa política nacional de migrações é bastante aberta porque precisamos de migrantes".

Numa referência a Portugal, referiu-se a um "saldo migratório positivo" registado em 2018.

"Pela primeira vez desde há muitos anos, o saldo migratório em Portugal foi positivo, saíram menos portugueses do que o número de estrangeiros que vieram trabalhar e residir para Portugal, e isso pareceu-nos um resultado muito benéfico, para a demografia e a economia e a sociedade portuguesa".

Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
Artigos recomendados
As mais lidas
Exclusivo

Operação Influencer. Os segredos escondidos na pen 19

TextoCarlos Rodrigues Lima
FotosCarlos Rodrigues Lima
Portugal

Assim se fez (e desfez) o tribunal mais poderoso do País

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela
Portugal

O estranho caso da escuta, do bruxo Demba e do juiz vingativo

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela