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Erdogan admite referendo sobre União Europeia

17 de abril de 2017 às 20:32

"Há 54 anos que nos fazem esperar à porta da União Europeia, não é verdade? (...) Poderemos ir ao encontro do nosso povo, e obedeceremos à sua decisão", sugeriu Erdogan no seu discurso.

O Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, rejeitou as críticas dos observadores internacionais ao referendo constitucional de domingo, que considerou "politicamente motivadas", e evocou a realização de um referendo sobre o prosseguimento das negociações com a UE.

Ao dirigir-se a milhares de apoiantes no exterior do seu palácio presidencial em Ancara, Recep Tayyip Erdogan assegurou que a Turquia vai ignorar as conclusões dos observadores da OSCE. "Primeiro, conheçam o vosso lugar! Não vamos ver nem escutar os relatórios politicamente motivados que prepararam", afirmou o Presidente turco antes de insistir que a votação foi "a eleição mais democrática" ocorrida num país ocidental.

No mesmo discurso, o chefe de Estado turco admitiu a realização de um referendo para decidir sobre o prosseguimento ou a interrupção das negociações de adesão à União Europeia (UE), uma dia após a sua vitória por margem mínima na consulta popular de domingo sobre o reforço dos seus poderes.

"Há 54 anos que nos fazem esperar à porta da União Europeia, não é verdade? (...) Poderemos ir ao encontro do nosso povo, e obedeceremos à sua decisão", sugeriu Erdogan no seu discurso.

Uma missão comum de observadores da OSCE e do Conselho da Europa criticou hoje a forma "desigual" como decorreu a campanha, assinalada por um controlo quase total dos media e a disponibilização de importantes meios financeiros e humanos pelo AKP. "Globalmente, o referendo não está à altura dos critérios do Conselho da Europa", declarou Cezar Florin Preda, chefe da delegação da Assembleia parlamentar do Conselho da Europa.

A missão também criticou a decisão do Supremo Conselho Eleitoral (YSK), pouco após o início da contagem dos votos, de considerar como válidos os que não possuíam o carimbo oficial das autoridades eleitorais, e que segundo a oposição é susceptível de fraudes.

"As alterações tardias no processo de contagem [dos votos] suprimiram uma importante barreira" contra as fraudes, precisou Florin Preda.

Previamente, o ministério turco dos Negócios Estrangeiros tinha já rejeitado os relatórios dos monitores internacionais ao manifestar desapontamento pelo que definiu de declarações "acusatórias e politicamente motivadas".

Através de um comunicado, o ministério considerou que as conclusões da missão de observação sobre o desrespeito dos padrões internacionais no decurso do referendo "são inaceitáveis".

O texto acrescenta que a missão de observação da OSCE "chegou à Turquia com ideias pré-concebidas e ignorou os princípios da objectividade e neutralidade".

Em declarações à margem desta polémica, o chefe da diplomacia alemã, Sigmar Gabriel, considerou hoje que apesar dos resultados do referendo que reforçam os poderes presidenciais, a Turquia não deve abandonar a NATO. "Queremos manter a Turquia perto e não empurrá-la para o isolamento em termos de assuntos internacionais ou mesmo na direcção da Rússia", disse ao diário Bild.

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