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Coronavírus: Como 15 países estão a pensar aliviar as restrições

16 de abril de 2020 às 23:03

Os dados de vários países europeus parecem indicar que a curva de contágios atingiu o pico e começa a descer.

A Suíça anunciou hoje o alívio, a partir de 27 de abril, das restrições impostas para conter a propagação docoronavírus, juntando-se a 14 outros países europeus que divulgaram planos para a reativação gradual da atividade económica.

Embora a Europa continue a ser a região do mundo mais afetada pelo novo coronavírus, com mais de um milhão de casos e 90.000 mortos, os dados de vários países parecem indicar que a curva de contágios atingiu o pico e começa a descer.

Ao mesmo tempo, a paralisação inédita da economia já começou a produzir efeitos e, na quarta-feira, o Fundo Monetário Internacional (FMI), traduziu em números a já prevista profunda crise que o "grande 'lockdown'" vai provocar: uma recessão da economia mundial de 3% em 2020 e, na Europa, uma contração de 7,5% na zona euro e uma taxa de desemprego agregada de 10,4%.

A Comissão Europeia avançou na quarta-feira orientações para o alívio das restrições, apelando para uma ação coordenada e pedindo o respeito por três critérios: dados que confirmem uma redução significativa e estável da propagação, a capacidade de resposta dos sistemas de saúde e a capacidade de monitorizar, nomeadamente através de testes em grande escala, a propagação do vírus.

Mas a questão está nas mãos dos Governos nacionais, que têm competência exclusiva em matéria de política de saúde.

Segue-se uma lista dos 15 países europeus, 13 deles membros da União Europeia (UE), que anunciaram um alívio das restrições impostas para conter a propagação do vírus, em todos os casos sujeito à consolidação da tendência de descida de contágios e ao respeito por regras como o distanciamento, a desinfeção dos locais ou o uso de máscara.

ÁUSTRIA
A Áustria reabriu na terça-feira os pequenos estabelecimentos comerciais, com menos de 400 m2 (como o da imagem acima), como primeira medida de um roteiro para reativar a atividade económica anunciado na semana passada pelo chanceler austríaco, Sebastian Kurz.

Estabelecimentos comerciais maiores serão autorizados a abrir a 01 de maio, mas restaurantes, hotéis ou cabeleireiros só a partir de meados de maio, com cuidados especiais.

Os exames finais universitários e do ensino secundário serão realizados, mas as escolas permanecerão encerradas até meados de maio e as universidades manterão as aulas à distância até ao final do ano letivo.

Grandes eventos públicos continuarão proibidos pelo menos até ao final de junho e não há data prevista para a reabertura de cinemas e teatros, piscinas, recintos desportivos e ginásios, encerrados desde que foi decretado o confinamento, a 16 de março.

Com 8,85 milhões de habitantes, a Áustria regista mais de 14.000 casos de infeção pelo novo coronavírus e 393 mortes, segundo números oficiais de quarta-feira.

SUÍÇA
A Suíça anunciou hoje um plano de três fases para a reabertura gradual das empresas e das escolas, encerrados há um mês.

A partir de 27 de abril, cabeleireiros, fisioterapeutas e psicólogos podem reabrir portas.

Os consultórios médicos, até aqui limitados a situações urgentes, podem voltar a funcionar e, nos funerais, os familiares diretos passam a poder estar presentes.

A 11 de maio reabrem as escolas primárias e, a 08 de junho, as escolas profissionais e secundárias e as universidades, assim como museus, bibliotecas e zoos.

Também a 08 de junho, em princípio, as restantes lojas, os bares e os restaurantes serão autorizados a reabrir.

Grandes eventos públicos, como concertos ou jogos de futebol, não têm ainda data para recomeçar.

A Suíça, com cerca de 6,8 milhões de habitantes, regista 26.500 casos de infeção e mais de 1.000 mortes associadas à covid-19, segundo números oficiais de hoje.

ITÁLIA
A Itália autorizou na terça-feira a reabertura de livrarias, papelarias e lojas de roupa para bebé e o reinício da atividade dos sapadores florestais.

A reabertura daquele tipo de lojas não é extensiva a todo o território italiano, com algumas autoridades regionais a manter a proibição de funcionamento.

A Lombardia e Piemonte (norte), regiões mais afetadas pela pandemia, mantêm as lojas fechadas, a Lácio (centro), que inclui a capital, Roma, adiou a reabertura para a próxima semana e Veneto (nordeste) apenas autorizou a abertura dois dias por semana.

Apesar de uma redução dos contágios e das mortes os últimos dias, o Governo italiano mantém as medidas de confinamento, afirmando esperar que, a partir de 03 de maio, o país possa entrar na "fase 2".

O plano italiano para um levantamento "gradual e controlado" das restrições, previsto para meados de maio, prevê um reforço das "redes de saúde locais" para triar os casos identificados para tratamento e testar amostras de população para determinar "quantos italianos foram infetados, se são imunes e como, quantos e em que zonas podem regressar a uma vida normal".

Itália prevê também impor o uso de máscara generalizado, ditar um "distanciamento social escrupuloso" e afetar determinados hospitais para tratamento exclusivo da covid-19, que se manterão abertos para a eventualidade de uma segunda vaga de infeções, para que outros hospitais possam voltar a dedicar-se aos outros doentes.

Itália, com 60,36 milhões de habitantes, é o país mais atingido da Europa, registando 165.155 casos e 21.645 mortes, segundo números oficiais de quarta-feira.

ALEMANHA
A chanceler alemã, Angela Merkel, anunciou na quarta-feira a reabertura, a 04 de maio, das escolas primárias e secundárias e dos estabelecimentos comerciais com uma área até 800 metros quadrados.

Bibliotecas, arquivos e museus reabrem a 20 de abril, mas os eventos culturais e desportivos continuam proibidos, até pelo menos 31 de agosto.

Restaurantes, bares e 'pubs' permanecem fechados e celebrações religiosas em igrejas, sinagogas ou mesquitas proibidas.

Com cerca de 83 milhões de habitantes, a Alemanha é o quinto país europeu mais afetado pela pandemia, com 130.450 casos e 3.569 mortes, segundo número oficiais de hoje.

POLÓNIA 
O ministro da Saúde da Polónia, Lukasz Szumowski, anunciou na terça-feira o alívio de algumas restrições às medidas de confinamento em vigor desde 13 de março, mas remeteu pormenores para o final da semana.

Segundo o porta-voz do governo, Piotr Mueller, as medidas devem entrar em vigor na segunda-feira, 20 de abril, e passar por permitir um maior número de clientes dentro dos estabelecimentos e das igrejas e levantar algumas das restrições às atividades ao ar livre, nomeadamente com a reabertura de parques públicos e áreas florestais.

As escolas vão manter-se encerradas.

A Polónia, com 38 milhões de habitantes, registava nesse dia 7.050 casos de infeção e 251 mortes.

FRANÇA
O Presidente francês, Emmanuel Macron, anunciou na terça-feira o prolongamento até 11 de maio do confinamento em vigor, data a partir da qual começarão a ser levantadas algumas das medidas decretadas a 17 de março.

A partir de 11 de maio, a maioria da população deixa de estar em confinamento, mas os maiores de 65 anos e os doentes crónicos vão continuar obrigados a permanecer em casa até data a anunciar.

Para esse grupo de risco, o governo prevê distribuir máscaras para serem usadas obrigatoriamente nas deslocações essenciais.

As escolas serão progressivamente reabertas também a partir de 11 de maio, de acordo com um plano a anunciar no final de abril, mas que prevê já que as universidades não reabram até ao verão.

Bares e restaurantes vão permanecer encerrados e os eventos culturais e desportivos proibidos.

França, que tem uma população de 67 milhões, é o terceiro país europeu mais afetado pela pandemia, com 106.206 casos de infeção e 17.167 mortes, segundo números oficiais de hoje.

BÉLGICA 
A Bélgica prolongou na quarta-feira até 03 de maio as medidas de confinamento e distanciamento social, iniciadas a 18 de março, mas com algumas mudanças.

A primeira-ministra belga, Sophie Wilmès, anunciou que podem reabrir lojas de bricolagem e de jardinagem, nas mesmas condições que as mercearias e lojas de alimentação.

A partir de agora pode também "haver visitas a lares de idosos", limitadas a um familiar, e sempre o mesmo, desde que não apresente sintomas de infeção pelo novo coronavírus.

As escolas vão manter-se encerradas, até nova avaliação, e a realização de grandes eventos continua proibida até 31 de agosto.

A Bélgica, que tem 11,4 milhões de habitantes, registava na quarta-feira 33.573 casos de infeção e 4.440 mortes.

LUXEMBURGO
O primeiro-ministro do Luxemburgo, Xavier Bettel, anunciou na quarta-feira a primeira fase da "estratégia de saída" do confinamento.

A partir de 20 de abril, a construção, reciclagem e jardinagem podem retomar a atividade e as lojas de ferragens e de jardinagem podem reabrir.

A 11 de maio, data sujeita a confirmação posterior, as universidades e escolas secundárias vão reabrir e, a 25 de maio, as creches e escolas primárias.

Lojas, bares e restaurantes permanecem encerrados, ainda sem data para reabrir, e os eventos culturais e desportivos continuam proibidos, pelo menos até 31 de julho.

O primeiro-ministro assegurou que o país dispõe de uma reserva de 6 a 7 milhões de máscaras, que serão distribuídas à população.

O Luxemburgo, com cerca de 614 mil habitantes, registava hoje 3.373 casos de infeção e 69 mortes.

ESPANHA 
Espanha, o segundo país da Europa com mais mortes, autorizou a partir de terça-feira um regresso parcial ao local de trabalho, incidindo em setores como a construção e a indústria.

Dez milhões de máscaras foram distribuídas pelas autoridades para serem colocadas à disposição dos passageiros nas estações de metro e comboio e nas paragens de autocarro.

Em confinamento desde 14 de março, prolongado, pelo menos, até 25 de abril, Espanha proibiu todas as atividades económicas não-essenciais a 30 de março.

A fase de levantamento do confinamento deverá começará "nunca antes" de daqui a duas semanas e será "muito progressiva", disse o primeiro-ministro, Pedro Sánchez, no domingo.

O plano ainda em preparação, anunciado no princípio de abril, passa por isolar as pessoas infetadas e o lançamento de um estudo para determinar a percentagem da população infetada e quantas pessoas estão imunizadas.

Espanha, com cerca de 46,9 milhões de habitantes, regista 182.816 casos de infeção e 19.130 mortos, segundo números oficiais de hoje.

FINLÂNDIA
A primeira-ministra finlandesa, Sanna Marin, anunciou na quarta-feira o levantamento da cerca sanitária imposta a 28 de março à capital, Helsínquia, principal foco do vírus no país, mantendo as restrições ao resto do território.

Escolas, liceus e universidades vão permanecer fechados e os ajuntamentos de mais de 10 pessoas proibidos.

A Finlândia, com 5,5 milhões de habitantes, registava na quarta-feira 3.161 casos de infeção e 64 mortes.

DINAMARCA 
A Dinamarca iniciou na quarta-feira a reabertura progressiva das escolas, começando pelas creches e escolas primárias, a que se seguirão, a 10 de maio, os níveis de ensino seguintes.

Os exames finais do secundário não se vão realizar, dependendo as classificações dos alunos da avaliação contínua.

Restaurantes, cafés, bares, cabeleireiros, casas de massagens, centros comerciais e discotecas continuam encerrados e as concentrações de mais de 10 pessoas proibidas.

Igrejas, bibliotecas e recintos desportivos permanecem fechados pelo menos até 10 de maio.

A Dinamarca, com uma população de 5,8 milhões, regista 6.876 casos e 309 mortes.

NORUEGA
A primeira-ministra norueguesa, Erna Solberg, anunciou um alívio progressivo das restrições a partir de 20 de abril, depois de o ministro da Saúde, Bent Hoie, ter anunciado que a epidemia está "sob controlo" no país.

A partir de 20 de abril, reabrem as creches e é levantada a proibição de deslocações a casas de férias ou de fim de semana.

Também a partir de 20 de abril, os consultórios de atividades como a fisioterapia ou a psicologia podem reabrir.

Numa segunda etapa, com início a 27 de abril, vão voltar a funcionar, parcialmente, os estabelecimentos escolares, incluindo universidades, assim como cabeleireiros e clínicas de massagens e tratamentos dermatológicos.

Mantêm-se em vigor a proibição de eventos culturais e desportivos, o fecho de fronteiras, as medidas de quarentena e auto-isolamento, o teletrabalho sempre que é possível, e o encerramento de restaurantes, cafés e bares.

Com uma população de cerca de 5,4 milhões, a Noruega regista 6.566 casos e 127 mortes, segundo números de quarta-feira da Organização Mundial de Saúde (OMS).

LITUÂNIA
A Lituânia anunciou na quarta-feira a reabertura, a partir de hoje, dos estabelecimentos comerciais que tenham saída direta para a rua, priorizando lojas de reparações, lavandarias e sapateiros, com limitação do número de clientes no interior e desde que cada cliente não esteja na loja mais de 20 minutos.

Centros comerciais, ginásios e clubes desportivos, restaurantes e bares mantêm-se encerrados, como definido quando foi decretado o confinamento geral no país, a 16 de março.

Escolas e universidades não deverão reabrir antes de setembro.

A Lituânia, com 2,8 milhões de habitantes, regista 1.091 casos de infeção e 29 mortes, segundo números oficiais de quarta-feira.

REPÚBLICA CHECA
O vice-primeiro-ministro checo, Karel Havlicek, anunciou a 07 de abril o levantamento da obrigatoriedade de uso de máscara para as pessoas que pratiquem ciclismo, corrida ou outras atividades desportivas ao ar livre deixam de ter a obrigação de usar máscara, imposta em março a todas as pessoas que circulassem no espaço público.

Desde 09 de abril, as lojas de jardinagem, ferramentas, materiais de construção e de bicicletas estão autorizadas a reabrir.

As fronteiras mantêm-se encerradas, mas a proibição de viajar para o estrangeiro foi parcialmente levantada na terça-feira 14 de abril, passando a autorizar-se as viagens de negócios, por razões de saúde ou visitas a familiares, desde que os viajantes cumpram 14 dias de quarentena após o regresso ao país.

As concentrações de mais de 10 pessoas continuam proibidas.

A República Checa, com 10,65 milhões de habitantes, registava na quarta-feira 6.141 casos de infeção, 161 dos quais mortais, segundo números da OMS.

ESLOVÉNIA 
As grandes empresas eslovenas, encerradas desde meados de março, foram autorizadas a retomar a atividade na terça-feira.

A partir desse dia, puderam também reabrir oficinas de automóveis, estaleiros de construção e lojas de ferragens e de eletrodomésticos.

O Governo esloveno anunciou "para breve" o levantamento das restrições de movimento e reunião.

Com 2 milhões de habitantes, a Eslovénia registava na terça-feira 1.212 casos de infeção e 55 mortes.

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