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Bolsonaro e as mortes por covid-19 no Brasil: "Eu sou Messias, mas não faço milagres"

29 de abril de 2020 às 07:44

Chefe de Estado desvalorizou os números de terça-feira - o Brasil ultrapassou o total de mortos da China, com um recorde de 474 óbitos nas últimas 24 horas - afirmando que "nunca ninguém negou que haveria mortes".

O presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, lamentou na noite de terça-feira o recorde de mortos pelo novo coronavírus no país, mas frisou que não faz milagres.

"E daí? Lamento, mas quer que eu faça o quê? Eu sou Messias, mas não faço milagres", afirmou o chefe de Estado, fazendo um trocadilho com o seu nome [Jair Messias Bolsonaro], após ser questionado por jornalistas sobre o facto de o Brasil ter ultrapassado o total de mortos da China, com um recorde de 474 óbitos nas últimas 24 horas, totalizando agora 5.017 óbitos devido à covid-19.

O chefe de Estado desvalorizou ainda os números de terça-feira, afirmando que "nunca ninguém negou que haveria mortes".

"As mortes de hoje, a princípio, foram de pessoas infetadas há duas semanas. É o que eu digo para vocês: o vírus vai atingir 70% da população. Infelizmente é a realidade. Nunca ninguém negou que haveria mortes", acrescentou o mandatário do Brasil.

Em frente do Palácio da Alvorada, a sua residência oficial em Brasília, Bolsonaro falou à imprensa e a cerca de uma dezena de apoiantes que o esperavam, declarando que cabe ao ministro da Saúde explicar os números relacionados com a covid-19.

O Brasil ultrapassou na terça-feira a barreira dos cinco mil mortos associados ao novo coronavírus, totalizando 5.017 óbitos e 71.886 casos confirmados desde o início da pandemia, informou o Ministério da Saúde.

Nas últimas 24 horas, o país sul-americano registou um novo recorde de mortes, com 474 óbitos e 5.385 novos casos, o segundo maior número de infetados contabilizado num único dia.

De acordo com o portal Worldometer, que compila quase em tempo real informações da Organização Mundial da Saúde (OMS), dos Centros de Controlo e Prevenção de Doenças, de fontes oficiais dos países, de publicações científicas e de órgãos de informação, o Brasil já ultrapassou a China em relação ao número de mortos, com o país asiático a contabilizar 4.633 óbitos.

Segundo o Ministério da Saúde, a taxa de letalidade da doença no país chegou aos 7%.

Momento depois, o Presidente do Brasil aproveitou para se solidarizar com as famílias das vítimas.

"Lamento a situação que nós atravessamos com o vírus. Solidarizamo-nos com as famílias que perderam os seus entes queridos. (...) Mas é a vida. Amanhã vou eu. Logicamente, queremos ter uma morte digna e deixar uma boa história para trás", referiu.

Questionado sobre a decisão judicial que o obriga a apresentar os resultados dos testes que fez ao novo coronavírus, Jair Bolsonaro indicou que a lei garante o anonimato, e repetiu que não teve a doença.

"Vocês nunca me viram aqui rastejando, com coriza [corrimento nasal]. Eu não tive [covid-19]. (...) Daqui a pouco, vão querer saber se eu sou virgem ou não, aí vou ter de apresentar o meu exame de virgindade para vocês", ironizou o Presidente brasileiro.

Após o recorde diário e mais de cinco mil mortes registadas no Brasil, o ministro da Saúde, Nelson Teich, disse na terça-feira que há um "agravamento da situação" da Covid-19 no país.

"O que tem de ficar claro é que o número vem crescendo. Alguns dias atrás eu disse que poderia tratar-se de um acumulado de casos de dias anteriores, mas como temos uma manutenção desses números elevados e crescentes, temos que abordar isso como um problema", disse o governante.

A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 214 mil mortos e infetou mais de três milhões de pessoas em 193 países e territórios.

Mais de 840 mil doentes foram considerados curados.

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