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Aumenta o risco de conflito e maior pobreza no Afeganistão

Lusa 28 de setembro de 2022 às 08:39

O grupo fundamentalista Estado Islâmico nos últimos meses assassinou figuras próximas do regime, atacou embaixadas estrangeiras, disparou foguetes contra países vizinhos, a partir do Afeganistão, mantendo uma campanha de longa data contra os muçulmanos xiitas e minorias étnicas.

Um responsável da ONU alertou para o risco de um possível conflito interno e agravamento da pobreza no Afeganistão se o regime talibã não responder rapidamente à crise económica que o país atravessa.

REUTERS/Ali Khara

O representante especial adjunto do secretário-geral para o Afeganistão, Markus Potzel, disse na terça-feira que a repressão imposta às mulheres reflete uma indiferença perante os direitos de mais de 50% da população e um eventual isolamento internacional.

Perante o Conselho de Segurança da ONU, Potzel disse que algumas das "conquistas reivindicadas e reconhecidas" pelo regime talibã estão também a desvanecer-se, apontando para um aumento constante de confrontos armados, atividades criminosas e ataques terroristas de alto perfil.

O representante destacou o grupo fundamentalista Estado Islâmico, que nos últimos meses assassinou figuras próximas do regime, atacou embaixadas estrangeiras, disparou foguetes contra países vizinhos, a partir do Afeganistão, mantendo uma campanha de longa data contra os muçulmanos xiitas e minorias étnicas.

Potzel disse que a perspetiva económica também "continua ténue", com a situação no que toca à segurança alimentar a piorar, numa altura em que se aproxima o inverno.

A ONU pediu apoio humanitário no valor de 4,4 mil milhões de dólares (4,6 mil milhões de euros), mas recebeu apenas 1,9 mil milhões (1,99 mil milhões de euros), o que "é alarmante", disse Potzel.

O alemão pediu aos doadores que forneçam mais 768 milhões de dólares (804 milhões de euros) para apoiar os preparativos para o inverno.

No final de agosto, também numa reunião do Conselho de Segurança, o subsecretário-geral da ONU para os Assuntos Humanitários, Martin Griffiths, disse que cerca de 24 milhões de pessoas, mais da metade da população do Afeganistão, precisam de assistência humanitária.

Markus Potzel admitiu alguns sinais positivos no Afeganistão, nos últimos meses, mas sublinhou que são poucos "e superados pelos negativos", em particular, "a proibição contínua do ensino secundário para mulheres, única no mundo".

Potzel disse que, em discussões com responsáveis do regime talibã, os líderes afirmaram que a decisão de impor "crescentes restrições aos direitos das mulheres" é apoiada "pelos radicais (…) mas questionada pela maioria do resto do movimento, a quem falta capacidade ou vontade de mudar de rumo".

O resultado, disse ele, é que mulheres e meninas são obrigadas a ficar em casas, privadas de direitos fundamentais. "Ao Afeganistão é negado o benefício das contribuições significativas das mulheres", acrescentou.

Potzel disse temer que a política talibã resulte em "maior fragmentação, isolamento, pobreza e conflitos internos", o que poderá originar "uma potencial migração em massa e um ambiente doméstico propício a organizações terroristas".

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