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Alerta sobre ataque do 7 de outubro chegou 30 minutos atrasado

Lusa 06 de outubro de 2025 às 18:00

A agência de segurança interna enviou um alerta preliminar quando detetou que membros do Hamas tinham ativado telemóveis com cartões israelitas.

Um alerta da segurança interna israelita sobre atividades suspeitas em Gaza enviado horas antes dos ataques de 2023 foi recebido pela polícia apenas meia hora depois de terem começado, segundo um relatório divulgado hoje.
Alerta sobre ataque do Hamas chegou 30 minutos atrasado a Israel AP Photo/Ohad Zwigenberg
O relatório, divulgado pelo jornal Haaretz na véspera do segundo aniversário dos ataques do Hamas de 7 de outubro, foi elaborado pelos serviços de informações da polícia sobre as comunicações recebidas do Shin Bet, a agência de segurança interna. O Shin Bet enviou o alerta preliminar às 03:03 (hora local), quando detetou que membros do Hamas tinham ativado telemóveis com cartões israelitas. “De acordo com as informações de que dispomos, há indícios da utilização e atividade da rede SIM em várias brigadas do Hamas. Até ao momento, não temos informações sobre a natureza da atividade”, avisou o Shin Bet, segundo o relatório citado pelo Haaretz. “No entanto, é importante notar que se trata de um agregado invulgar e, tendo em conta outras indicações, isso pode indicar uma atividade ofensiva do Hamas”, acrescentou o Shin Bet, de acordo com o jornal libanês L’Oriente- Le Jour, que cita o Haaretz. As sirenes começaram a soar nas localidades junto à fronteira com Gaza às 06:29, e os milhares de jovens que assistiam ao festival de música Nova, perto do ‘kibutz’ Re'im, foram avisados minutos depois para se proteger, segundo o jornal The Jerusalem Post. Mas o alerta do Shin Bet só chegou à polícia às 07:03, já os ataques estavam em curso há meia hora, concluíram os investigadores policiais no relatório divulgado pelo Haaretz e também citado pela agência de notícias espanhola EFE. Altos responsáveis da polícia citados no relatório disseram que na noite anterior ao ataque houve uma “atualização de sistemas” de comunicações, o que provocou o atraso na receção do alerta do Shin Bet. “Ninguém se apercebeu disso até de madrugada”, segundo a informação publicada no jornal israelita. Supostamente, os serviços de informações da polícia começaram a analisar os dados horas depois e não os enviou a todos os distritos policiais antes das 08:00. Nessa altura, já tinham começado os ataques contra a cidade de Sderot, os ‘kibutz’ mais próximos da Faixa de Gaza e o massacre no festival de música Nova. Os ataques de 07 de outubro representaram para Israel o maior desastre de segurança da história do país. Embora tanto o exército como o Shin Bet tenham elaborado relatórios para tentar esclarecer os erros e as causas que os permitiram, o Governo de Benjamim Netanyahu recusa-se a lançar uma investigação estatal. Os relatórios do exército e do Shin Bet, ou pelo menos as partes que foram tornadas públicas, quase não trouxeram revelações novas, e muitos dos detalhes já tinham sido divulgados meses antes pela imprensa nacional. Por essa razão, grande parte da sociedade israelita, em especial as famílias dos reféns, tem exigido que o Governo crie uma “comissão estatal de inquérito”, com amplos poderes para investigar e convocar responsáveis públicos. Até ao momento, apenas seis altos responsáveis israelitas, tanto do exército como do Shin Bet, deixaram os cargos por não terem conseguido prevenir ou limitar os ataques de há dois anos. Os ataques sem precedentes do grupo extremista palestiniano causaram cerca de 1.200 mortos e o rapto de 251 pessoas que foram levadas como reféns para a Faixa de Gaza. A retaliação de Israel, com uma ofensiva militar imediata contra o Hamas na Faixa de Gaza, provocou até hoje mais de 67 mil mortos e a destruição de grande parte do pequeno enclave palestiniano com cerca de 2,1 milhões de habitantes. Uma comissão de inquérito internacional nomeada pela ONU acusou Israel em setembro de estar a cometer genocídio na Faixa de Gaza, que o Governo de Netanyahu nega.
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