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A revolta de Greta Thunberg: "Roubaram-me os sonhos e a infância"

23 de setembro de 2019 às 17:38

Jovem ativista sueca criticou os líderes mundiais pela inação face às alterações climáticas. No início da Cimeira da Ação Climática, António Guterres defendeu que a "natureza está zangada".

Foi sem medo do peso das palavras que a jovem ativista sueca Greta Thunberg criticou os líderes mundiais pela inação face às alterações climáticas. No início da Cimeira da Ação Climática, convocada pelo secretário-geral da ONU, António Guterres, em Nova Iorque, repetiu factos científicos que confirmam o aquecimento global do planeta e aproveitou a sua experiência para retratar a postura dos jovens pelo mundo.

"Como é que se atreveram? Vocês roubaram-me os sonhos e a infância com as vossas palavras vazias", disse Greta. "Eu não devia estar aqui, eu devia estar na escola, do outro lado do oceano", afirmou, emocionada, a jovem que lançou o movimento Greve Mundial pelo Clima quando em 2018 decidiu faltar às aulas para protestar junto ao parlamento sueco contra a inação dos políticos em questões ambientais.

No curto discurso que leu na abertura da cimeira Greta Thunberg disse que faz parte do grupo de pessoas com sorte, mas que há gente que sofre e que está a morrer, que há ecossistemas inteiros a desaparecer, e que no planeta se está no início de uma extinção em massa, tudo ao mesmo tempo que os líderes mundiais apenas falam de dinheiro e "dos contos de fadas do crescimento económico eterno".

"Como é que se atrevem?", insistiu, acrescentando: "Vocês deixaram-nos cair. Mas os jovens começam a compreender a vossa traição". "Se vocês decidiram deixar-nos cair, eu digo-vos: nós nunca vos iremos perdoar. E não deixaremos que vocês se vão embora assim", assegurou.

"O mundo está a acordar e a mudança a chegar, quer vocês gostem ou não. Obrigado", concluiu a jovem, muito aplaudida.

"A natureza está zangada"
Também o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, afirmou que "ainda não é demasiado tarde" para atender ao que considera a emergência climática mundial, mas advertiu que o tempo está a esgotar-se.

"A emergência climática é uma corrida que estamos a perder mas que ainda podemos ganhar. A crise climática é provocada por nós e as soluções devem vir de nós. Temos as ferramentas: a tecnologia está do nosso lado", afirmou o português perante as dezenas de líderes internacionais.

Entre as ações concretas que defende, Guterres destacou o fim dos subsídios aos combustíveis fósseis e a importância de deixar de construir mais centrais elétricas a carvão.

"Está na hora de mover os impostos dos salários para o carvão e taxar a contaminação, não as pessoas", declarou.

O secretário-geral da ONU apelou aos países para cumprirem os seus compromissos e reduzirem as emissões de dióxido de carbono em 45% até 2030, lembrando que o objetivo para todos tem que ser a neutralidade carbónica em 2050, para conter o aumento da temperatura global e limitá-lo a 1,5 graus acima dos valores médios da era pré-industrial.

"A minha geração falhou na sua responsabilidade de proteger o nosso planeta. Isso tem que mudar", afirmou, destacando que "os jovens estão a oferecer soluções, insistindo na responsabilidade e exigindo ações urgentes".

Guterres lembrou os desastres naturais mais recentes, como o furacão Dorian, nas Bahamas, e as temperaturas recorde que se registam no mundo, e alertou que são uma visão do futuro se não houver uma mudança de rumo.

"A natureza está zangada. Acreditar que a podemos mudar é enganarmo-nos a nós próprios, porque a natureza contra-ataca sempre", ilustrou.

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