Secções
Entrar

2020 foi o 15º ano consecutivo de recuo de liberdades no mundo

Lusa 03 de março de 2021 às 08:26

"As respostas dos governos à pandemia de covid-19 exacerbaram o declínio democrático global", considera a Freedom House.

O ano de 2020 foi 15º consecutivo de recuo dos direitos políticos e liberdades dos cidadãos a nível mundial, afetados pelas restrições impostas no contexto de combate à pandemia de covid-19, segundo a Freedom House.

Reuters

De acordo com a edição deste ano do relatório "Liberdade no Mundo", que classifica a evolução de direitos e liberdades em 195 países, em 2020 registou-se um declínio em 73 destes, onde habita 75 por cento da população mundial.

"Líderes em exercício cada vez mais usaram a força para esmagar opositores e acertar contas, às vezes em nome da saúde pública, enquanto ativistas sitiados - à falta de apoio internacional eficaz - enfrentaram pesadas sentenças de prisão, tortura ou assassinato", refere o relatório.

A percentagem de países definidos como "não livres" - categoria abaixo de "parcialmente livres" e "livres" - é agora a mais alta desde que se inverteu, em 2006, uma tendência de aumento de liberdades e direitos em todo o mundo. 

"As respostas dos governos à pandemia de covid-19 exacerbaram o declínio democrático global. Regimes repressivos e líderes populistas manobraram para reduzir a transparência, promover informações falsas ou enganosas e reprimir a expressão de dados desfavoráveis ou visões críticas", adianta a Freedom House.

O relatório aponta como medidas de repressão usadas os confinamentos "por vezes excessivos", além da brutalidade da polícia para os impor.

Entre os exemplos de aproveitamento da pandemia está a Hungria, onde o primeiro-ministro Viktor Orbán utilizou poderes de exceção conferidos pela situação de emergência para retirar assistência financeira aos municípios liderados por partidos da oposição. 

No Sri Lanka, o Presidente Gotabaya Rajapaksa dissolveu o parlamento no início de março de 2020 e desde então utiliza o pretexto da pandemia para não convocar eleições.

Mas, refere a Freedom House, entre os mais afetados estão não apenas Estados autoritários como a China, Bielorrússia e Venezuela, mas também democracias "abaladas" como as da Índia e os próprios Estados Unidos. 

Considerada a mais populosa democracia do mundo, a Índia foi mesmo reclassificada pela Freedom House, de "livre" para "parcialmente livre".

Os direitos e liberdades dos indianos "vêm diminuindo desde que Narendra Modi se tornou primeiro-ministro em 2014", tendo o seu governo nacionalista hindu "aumentado a pressão sobre organizações de direitos humanos", além de "intimidar académicos e jornalistas", por entre "uma onda de ataques fanáticos - incluindo linchamentos - dirigidos a muçulmanos". 

Entre os casos positivos, a Freedom House destaca os do Malauí, onde após uma eleição fraudulenta em meados de 2019, o poder judicial resistiu a tentativas de suborno e impôs uma repetição da votação, e de Taiwan, uma das democracias asiáticas com melhor desempenho, onde "o governo efetivamente suprimiu o coronavírus sem recorrer a métodos abusivos".

A postura taiwanesa, adianta, "estabeleceu um forte contraste com a autoritária China, onde o regime apregoou a sua resposta draconiana como um modelo para o mundo". 

"Mesmo antes do vírus ter atingido o país, os eleitores taiwaneses desafiaram uma campanha de desinformação politizada e multifacetada da China e reelegeram de forma esmagadora um presidente que se opõe a iniciativas de unificação com o continente", refere o relatório.

Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
Artigos recomendados
As mais lidas
Exclusivo

Operação Influencer. Os segredos escondidos na pen 19

TextoCarlos Rodrigues Lima
FotosCarlos Rodrigues Lima
Portugal

Assim se fez (e desfez) o tribunal mais poderoso do País

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela
Portugal

O estranho caso da escuta, do bruxo Demba e do juiz vingativo

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela