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Cinco livros para recordar Maria Teresa Horta, da resistência à vanguarda

Revisite alguns dos destaques da poesia e prosa da autora que nos deixou, bem como uma biografia para compreender mais sobre o seu percurso.

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Edição de 5 a 11 de agosto
Cinco livros para recordar Maria Teresa Horta, da resistência à vanguarda
Pedro Henrique Miranda 04 de fevereiro de 2025 às 14:54
DR / Correio da Manhã

A notícia da morte de Maria Teresa Horta (1937-2025) debruça-nos sobre a vida de uma mulher ímpar: feminista de charneira, opositora do Estado Novo e figura destacada das letras portuguesas, distinguida com diversos prémios literários e ordens honoríficas e eleita pela BBC em 2024 como uma das mulheres mais influentes e inspiradoras do mundo.

O seu legado, no entanto, vai muito para lá de Novas Cartas Portuguesas (1972), a obra de difícil classificação que misturava ensaios, cartas e poemas na denúncia das injustiças e brutalidades do regime salazarista, e que a canonizou como uma das Três Marias juntamente com Maria Isabel Barreno e Maria Velho da Costa. Revisite algumas das obras que ajudam a compreender o legado autoral da escritora e poeta.

Minha Senhora de Mim (1971)

O nono livro de poesia de Maria Teresa Horta foi publicado imediatamente antes de Novas Cartas Portuguesas, e é considerado um exemplo destacado da sua produção feminista e de desafio ao status quo do regime. Na altura, a autora já era vigiada pela PIDE, que proibiu o livro e avisou a então diretora da Dom Quixote, Snu Abecassis, que fecharia a editora caso voltasse a publicar Horta. Disponível aqui.

A Paixão Segundo Constança H. (1994)

Mais um exemplo da sua escrita em prosa, estabelece um diálogo com outra grande obra de outra grande escritora feminista - A Paixão Segundo G.H., de Clarice Lispector - através da história do amor entre a protagonista e Henrique H., que se transfigura com a revelação da traição deste, aflorando de novo as memórias dolorosas da vida de Constança. Disponível aqui.

As Luzes de Leonor (2011)

Vencedor do Prémio D. Dinis 2011, revela com primor o talento de Maria Teresa Horta para a prosa, num romance histórico que se retrata a vida da nobre e poetisa Leonor de Almeida Portugal, Marquesa de Alorna e neta dos Marqueses de Távora, na transição do século das luzes para o romantismo. Foi chamado, no ano da sua edição, de "um dos maiores romances biográficos da literatura portuguesa." Disponível aqui.

As Palavras do Corpo (2012)

Persistindo na escrita até tarde na vida, Maria Teresa Horta deu um destaque particular à sexualidade e ao erotismo na sua obra poética. Nenhuma edição encapsula melhor essa sua obsessão, assim como a sua propensão para transgredir limites, do que esta antologia de poesia erótica - uma das suas obras mais bem recebidas pelo público. Disponível aqui.

A Desobediente (2024)

Escrita pela biógrafa Patrícia Reis e publicada pela Contraponto em março de 2024 de forma quase presciente, pouco da vida de Maria Teresa Horta há de ter escapado a esta retrospetiva de vida que cobre as várias facetas da mulher, da infância à idade avançada, entre a poetisa brilhante, a mãe e esposa diligente e a ativista insubmissa. Disponível aqui.

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