O programa é extenso. Entre seleções oficiais (competição, fora de competição e descobertas), secções especiais, retrospetivas e homenagens - por exemplo, a Wagner Moura e a Isabel Ruth -, é fácil perdermo-nos no cosmos programático do Leffest - Lisbon Film Festival, festival de cinema que decorre de esta sexta-feira, 7 de novembro até dia 16 deste mês.
Todos os festivais, porém, exigem escolhas e destaques e o Leffest não é exceção. Por isso, percorremos a programação para lhe trazer nove filmes que valerá a pena ver no festival, entre reposições de clássicos do cinema - exibidos, como se impõe, no grande ecrã - a estreias nacionais de filmes que só mais tarde chegarão às salas. Eis, então, os destaques.
Marighella, de Wagner Moura
6.ª, 7 nov., 15h Cinema São Jorge / Sáb., 8 nov., 15h, Recreios da Amadora
O primeiro filme como realizador do ator brasileiro Wagner Moura é exibido esta sexta-feira e este sábado no festival. Inspirada pelo livro biográfico
O Guerrilheiro que Incendiou o Mundo, a longa-metragem recria a história do escritor e político afro-brasileiro Carlos Marighella (1911-1969), que deixou mulher e filho para liderar a resistência à ditadura militar no Brasil. Bella Camero, Bruno Gagliasso, Luiz Carlos Vasconcelos, Humberto Carrão e Seu Jorge integram o elenco.
Father Mother Sister Brother, de Jim Jarmusch
6.ª, 7 nov., 19h, Cinema São Jorge
As honras de abertura oficial do festival ficaram para o novo filme de Jim Jarmusch, que hoje, aos 72 anos, cultiva o estatuto de um dos mais aclamados cineastas independentes das últimas décadas. Em
Father Mother Sister Brother, com alguns dos seus colabores habituais (Tom Waits, Adam Driver) e outros menos recorrentes, mas não inéditos (Cate Blanchett), trabalha três histórias “que exploram as relações entre filhos já adultos, os seus pais distantes - ou ausentes - e os laços que os unem” e que têm epicentro em três regiões do globo: nordeste dos Estados Unidos, Dublin e Paris.
Espera-se mais um filme aclamado pela crítica, tal como o foram
Homem Morto (1995),
Café e Cigarros (2003),
Flores Partidas (2005),
Só os Amantes Sobrevivem (2013) e
Paterson (2016).
As Vinhas da Ira, de John Ford
Sáb., 8 nov., 10h, Cinema Medeias Nimas
Um programa para uma sessão matinal de cinema a um sábado? Aqui está ele. As Vinhas da Ira, romance canónico de John Steinbeck, foi adaptado ao grande ecrã pelo cineasta John Ford em 1940, com Henry Fonda, Jane Darwell, John Carradine e Charley Grapewin, e é uma das obras imperdíveis da filmografia de um dos mais incisivos, poéticos e profundos criadores da história do cinema.
Blue Moon, de Richard Linklater
Sáb. 8 nov. 14h Cinema São Jorge / 2.ª 10 nov. 21h45 Cinema Medeia Nimas
Um dos mais experimentados cineastas de Hollywood está de regresso ao festival com um novo filme.
Blue Moon (2025) é um dos mais recentes títulos do autor de
Jovens, Loucos e Rebeldes (1993),
Antes do Amanhecer (1995),
Escola de Rock (2003),
Boyhood: Momentos de uma Vida (2014) e
Assassino Profissional (2023).
Já exibido no Festival Internacional de Cinema de Berlim,
Blue Moon é uma comédia dramática biográfica sobre duas figuras da Broadway, Lorenz Hart (aqui interpretado por Ethan Hawke) e Richard Rodgers (encarnado por Andrew Scott). Margaret Qualley é outro dos nomes do elenco deste filme “sobre o amor, a amizade e a arte”, com “leveza e melancolia”.
The Chronology of Water, de Kristen Stewart
Dom. 9 nov. 15h Culturgest 19h Recreios da Amadora / Sáb. 15 nov. 21h30 Cinemas NOS Amoreiras
Mais uma estreia na realização de um ator, neste caso atriz, Kristen Stewart, a passar pelo festival. Também escrito e produzido por Stewart,
The Chronology of Water (2025) adapta ao cinema um livro de memórias da escritora norte-americana Lidya Yuknavitch, profundamente marcada pelas dores de uma infância de abusos verbais, físicos e sexuais cometidos pelo pai. Um livro e um filme, ainda assim, iluminados pela esperança e pelo desafio ao destino feito por esta “mulher à procura da sua própria voz, enquanto explora o modo como o trauma pode ser transformado em arte”.
Entroncamento, de Pedro Cabeleira
Dom. 9 nov. 17h Cinema São Jorge / 5.ª 13 nov. 11h Cinema Medeia Nimas, 21h Cineteatro D. João V
Com estreia comercial nas salas prevista apenas para março do próximo ano, o novo filme do cineasta português Pedro Cabeleira (realizador dos filmes
Verão Danado e
By Flávio) pode ser visto no Leffest.
Entroncamento tem direção de fotografia de Leonor Teles, passa-se na cidade que dá título ao filme - e onde o realizador nasceu - e conta a história de Laura, uma mulher que se refugia no Entroncamento para reconstruir a vida.
“Dividida entre um emprego honesto e os esquemas do pequeno crime, Laura cruza-se com uma juventude desencantada não muito diferente de si”, lê-se na sinopse, que aponta para um retrato de um universo com “lealdades, ganância, violência e má sorte”, numa terra onde “toda a gente só quer uma vida melhor”. Ana Vilaça, Cleo Diára (recentemente premiada em Cannes) e Rafael Morais são alguns dos atores que integram o elenco.
Miroirs No. 3, de Christian Petzold
3.ª 11 nov., 21h30, Cinema Sao Jorge / 4.ª, 12 nov., 16h, Cinema Medeia Nimas / Sáb. 15 nov. 15h Cineteatro D. João V
Já com vários filmes aclamados e premiados internacionalmente -
Barbara (2012), sobretudo, mas também
Phoenix (2014) e
Undine (2020), por exemplo -, o cineasta alemão Christian Petzold leva ao Leffest o seu mais recente filme, já apresentado em Cannes.
Miroirs No. 3 relata a história de Laura, uma mulher que sobrevive miraculosamente a um acidente de carro e que é “acolhida por uma mulher” que posteriormente “se ocupa dela com uma devoção maternal”. Laura encontra então uma família mas nem tudo será o que parece.
Dead Man’s Wire, de Gus Van Sant
Sáb., 15 nov., 21h, Cinema São Jorge
O novo filme de Gus Van Sant, cineasta de
O Bom Rebelde (1997),
Descobrir Forrester (2000) e
Milk (2008), traz Bill Skarsgård, Dacre Montgomery, Colman Domingo, Al Pacino e Cary Elwes no elenco e transporta para a ficção a história real de Tony Kiritsis (1932-2005), que a 8 de fevereiro de 1977 “entrou no escritório de Richard O. Hall, presidente da Meridian Mortgage Company, e fê-lo refém com uma espingarda de cano serrado, conectada por um 'fio da morte' que ia do gatilho à cabeça de Hall”, revela a descrição oficial. Tudo porque suspeitava estar a ser enganado por um corretor imobiliário.
Os Verdes Anos, de Paulo Rocha
Dom., 16 nov. 15h30, Cinema São Jorge
Toda a
secção do festival dedicada a Isabel Ruth, em jeito de homenagem, mereceria aprofundamento, mas fiquemo-nos por um clássico absoluto do cinema português.
Os Verdes Anos, de Paulo Rocha, obra marcante do novo cinema português, viaja de 1963 para 2025, através de uma cópia digitalizada pela Cinemateca Portuguesa – Museu do Cinema.