Huntr/x, um grupo de K-Pop, enfrenta demónios para proteger o mundo na animação da Sony Pictures e da NetflixNetflix
Dificilmente não se cruzou já com o nome Guerreiras do K-Pop - afinal, é difícil escapar ao filme mais visto de sempre na Netflix em todo o mundo, que em Portugal resiste teimosamente há 20 semanas (portanto, há cinco meses) no top 10 de mais vistos da plataforma de streaming.
O fenómeno e o impacto foram tais que já há uma sequela confirmada para 2029, soube-se há poucos dias, em notícia avançada pela agência de notícias Bloomberg. Para perceber melhor o fenómeno, contudo, é preciso olhar para uma palavra: a k-pop.
O impacto da pop coreana no mundo tem dado provas variadas ao longo dos anos. O género surgiu na Coreia do Sul na década de 90 e durante os últimos 13 anos ganhou um lugar na cultura popular ocidental graças a grupos musicais como Blackpink, EXO, BTS e o artista PSY, cujo êxito Gangnam Style foi primeiro do vídeo do Youtube a alcançar mil milhões de visualizações. O que o filme que estreou este ano na Netflix fez foi transportar esse fenómeno para o mundo da fantasia, do cinema e da animação.
O termo K-pop é frequentemente associado a géneros musicais como a pop e a música de dança, mas alguns artistas coreanos - como Wonder Girls e Dreamcatcher - têm vindo a incorporar influências de hip-hop, reggae e rock. Essa mistura de géneros musicais tem vindo a transformar o k-pop num estilo eclético e complexo, porém, esse não é a única justificação para a popularidade.
O género baseia-se na cultura oriental de idol em que o intérprete não é julgado apenas pelas suas capacidades performativas mas também também pela sua capacidade de estabelecer uma relação emocional com fãs, criando um elo muito particular com os mesmos.
É neste contexto que surge Guerreiras do K-Pop, uma das mais recentes produções dos estúdios Sony Pictures Animation para a Netflix.
Desde o lançamento do filme em junho que a longa-metragem de animação tornou-se um sucesso internacional, atingindo o top 10 da Netflix em 93 países.
Desenvolvido por Maggie Kang, realizadora coreana e canadiana, o filme mistura elementos de k-pop, mitologia e demonologia asiática, num esforço de criar uma obra rica em cultura coreana, mas também acessível para as massas ocidentais.
As canções são consideradas contagiantes, até para quem não tem familiaridade com a cultura k-pop, e temas como Your Idol e Golden ultrapassaram os grupos BTS e Blackpink nas tabelas do Spotify.
Não é a primeira vez que musicais animados são aclamados pela banda sonora mas, alegam os fãs do filme, Guerreiras do K-Pop foi pioneiro a desenvolver um som moderno que facilmente passa desprevenido entre canções pop de qualquer playlist de sucessos.
Outra das forças do filme está nas técnicas de animação. Estas prestam a mais ínfima atenção a detalhes (investindo tempo, por exemplo, em pormenores como a manicure da personagem Rumi), são expressivas e apresentam grandes influências do universo anime, com expressões faciais exageradas, traduzidas elegantemente para animação 3D. Também a escolha de ângulos durante sequências de luta foi pensada ao pormenor, revevalando-se dinâmica e proporcionando uma experiência imersiva ao espectador.
O enredo acompanha o grupo Huntr/x, que conta com os elementos Rumi, Mira e Zoey, que aliam o seu sucesso enquanto estrelas de música k-pop à responsabilidade de proteger o mundo do demónio Gwi-Ma, a partir de uma barreira mágica conhecida Honmoon, que protege o mundo mortal do submundo demoníaco e é alimentada pelas vozes das guerreiras e pelas relações interpessoais que estas estabelecem com os fãs.
Prestes a fortificar a barreira para banir permanentemente Gwi-Ma e os seus demónios para o submundo, Huntr/x enfrenta um novo desafio: uma boyband constituída inteiramente por demónios que ameaça o bem-estar da honmoon ao desviar as atenções dos fãs de Huntr/x para as suas músicas contagiantes.
Paralelamente, Rumi esconde um segredo. Filha de um caso amoroso entre uma caçadora e um demónio, foi ensinada desde criança a esconder sua natureza demoníaca na esperança que ao banir Gwi-Ma permanentemente se virá livre das marcas do demónio no seu corpo. Mas os planos de Rumi são ameaçados quando as marcas se tornam mais predominantes e lhe afetam a voz, deixando-a incapaz de lutar e criando uma distância entre ela e as restantes integrantes de Huntr/x.
Atualmente o filme tem uma avaliação de 95% no agregador de críticas de filmes e séries Rotten Tomatoes e o potencial para uma saga é considerado ilimitado pelos fãs.
A realizadora Maggie Kang disse numa entrevista para a Forbes que ainda “há muitas questões por responder e tópicos que não foram explorados. Esta foi a história da Rumi, mas também temos histórias da Zoey e da Mira que não encaixavam neste filme”.
Além da sequela que chegará em 2029, a Netflix também anunciou uma parceria com as empresas de jogos e brinquedos Mattel e Hasbro para criar figuras de ação, jogos e merchandise.