Secções
Entrar

Com quebras de 70%, turismo em Lisboa já só espera por 2021

30 de abril de 2020 às 08:45

A aposta vai passar pelo reforço de investimentos, proteção e campanhas de promoção.

A região de Lisboa espera um verão "negro" e "inédito" em termos de turismo, com quebras superiores a 70% devido à pandemia dacovid-19, pelo que a aposta vai passar pelo reforço de investimentos, proteção e campanhas de promoção.

Com a maioria das empresas a meio-gás e os estabelecimentos comerciais fechados por imposição legal na sequência do estabelecimento do estado de emergência para combater a pandemia, o setor do turismo em Lisboa, Sintra e Cascais prevê quebras acima de 70%.

Apesar das baixas perspetivas, a Câmara Municipal de Sintra está já a preparar uma campanha de promoção que será anunciada em maio para dinamizar o setor do turismo.

Em declarações à agência Lusa, o presidente da Câmara Municipal de Sintra, Basílio Horta, sublinhou que em termos quantitativos as expectativas para a época alta são más.

"Vamos ter de certeza uma quebra muito significativa no afluxo turístico em Sintra. Estávamos com uma afluência de turismo enorme. Só a [Quinta] Regaleira tinha ultrapassado um milhão de visitantes, a [Palácio] Pena o segundo monumento mais visto em Portugal. Tínhamos filas enormes para comprar bilhetes, filas enormes para o autocarro para ir à Pena", disse.

No entendimento de Basílio Horta, esta era uma realidade que não podia continuar e, por isso, considera que "esta pandemia" deve servir para se fazer uma reflexão profunda sobre o que vai ser o turismo do futuro.

"Temos de pensar seriamente. A primeira coisa a ver é se conseguimos alterar o critério da quantidade e do lucro bruto. Este deve ser mudado para o critério da qualidade e do desenvolvimento turístico", explicou.

De acordo com Basílio Horta, se tudo continuar igual vai haver outra pandemia.

"Obviamente que não vai mudar de um dia para o outro, mas temos de aproveitar esta diminuição para ir à qualidade, fazer roteiros com património, com os palácios, com as quintas, com as casas da arquitetura tradicional de Sintra, encarar e divulgar uma oferta deste género", referiu.

O autarca de Sintra estima uma quebra no turismo entre 70 e 75%, mas lembra que o município tem levado a cabo vários apoios de incentivo às micro e pequenas empresas para evitar o seu encerramento definitivo.

Também o vice-presidente da Câmara de Cascais, Miguel Pinto Luz, adiantou à Lusa que a quebra no setor do turismo em Cascais "é abismal", superior a 70%, salientando que as perspetivas para a época alta são também más.

"Temos consciência que não vai ser um verão fácil. Todos os festivais de música e grandes eventos, como o Estoril Open, foram cancelados. Percebe-se que o turismo só terá oportunidade de arrancar outra vez em setembro", disse.

Miguel Pinto Luz adiantou que a câmara está a reforçar o investimento em todos os grandes eventos que atraem muitas pessoas a Cascais e a tentar redirecioná-los para o final do ano ou até para 2021.

"O próximo ano será um ano de reforço da promoção internacional, da promoção 'online', reforço para qualificar o destino. Estamos preocupados, a falar com todos e ainda estamos todos a tentar perceber e aprender como podemos sair disto de forma coletiva", indicou.

Apesar disso, Pinto Luz disse que vários investidores mantiveram a vontade de continuar com os processos para novos hotéis.

No que diz respeito à cidade de Lisboa, a presidente da União de Associações de Comércio e Serviços (UACS), Lurdes Fonseca, estimou à Lusa que o verão "vai ser atípico e com muitas incógnitas".

"Sabemos já que pelo menos uma centena de pequenas e microempresas não vai reabrir pelos mais variados motivos, desde a insolvência, o receio de pedir crédito devido à idade, entre outros. Por isso, as perspetivas não são positivas", disse.

De acordo com Lurdes Fonseca, o próximo verão vai ser diferente nas várias zonas da cidade de Lisboa, porque a capital é muito abrangente em termos de tipologia de comércio.

"Lisboa tem várias zonas. Há zonas em que o comércio é mais de proximidade e acho que esses não terão tantas dificuldades, o seu mercado é quase exclusivamente interno, por isso vai depender um pouco do comportamento do consumidor, de como este se vai portar a partir da reabertura", explicou.

No entanto, há, segundo a presidente da UACS, zonas em que os clientes são essencialmente turistas.

"Com estes vai haver mais dificuldades. Não sabem como vão sobreviver e captar clientes. Por isso, temos realidades diferentes dentro da cidade Lisboa", disse.

Contudo, Lurdes Fonseca considera que ainda é cedo para ter uma perspetiva correta de como vai correr a época alta.

"Só depois da reabertura e de ver qual vai ser a reação das pessoas após o confinamento e como se vão comportar enquanto consumidores é que vamos conseguir perceber as consequências. Sabemos que nada vai ser igual, mas este é um setor resiliente", referiu.

Em Portugal, morreram 973 pessoas das 24.505 confirmadas como infetadas, e há 1.470 casos recuperados, de acordo com a Direção-Geral da Saúde.

Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
Artigos recomendados
As mais lidas
Exclusivo

Operação Influencer. Os segredos escondidos na pen 19

TextoCarlos Rodrigues Lima
FotosCarlos Rodrigues Lima
Portugal

Assim se fez (e desfez) o tribunal mais poderoso do País

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela
Portugal

O estranho caso da escuta, do bruxo Demba e do juiz vingativo

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela