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Trabalhadores com formação superior recebem mais 73% do que quem tem o 12º ano

Lusa 08 de janeiro de 2025 às 07:33

Também diminuíram os casos de jovens que não estudam nem trabalham: A proporção de jovens entre os 18 e os 24 anos nesta situação passou de 18,3% em 2016 para 13,2% em 2023, ano em que mais de metade (55,3%) ainda estava a estudar e 31,6% estavam a trabalhar.

Os trabalhadores com formação superior recebem, em média, mais 73% do que o salário médio de quem tem apenas o ensino secundário, revela o relatório anual do Conselho Nacional de Educação (CNE), concluindo que "estudar compensa".

São cada vez mais os jovens com formação superior em Portugal e "quanto mais elevadas são as qualificações, maior a perspetiva de uma vida melhor", sublinha o relatório do Estado da Educação 2023, hoje divulgado pelo CNE.

Quanto mais longe se avança nos estudos, maiores são as probabilidades de se conseguir um emprego e um melhor salário, mostram os dados apresentados no estudo.

Em 2023, a taxa de emprego dos jovens adultos (entre 25 e 34 anos) com ensino secundário ou pós-secundário era de 84,9%, um valor que subia para 88,3% entre os jovens com formação superior.

Além de ser mais fácil arranjar emprego, quem tem formação superior aufere "um rendimento mensal correspondente, em média, a 173% do salário médio dos trabalhadores que concluem o ensino secundário", refere o relatório anual.

Os investigadores concluem que "estudar compensa", mas alertam para as "diferenças assinaláveis" entre os salários pagos em Portugal e noutros países europeus.

Em relação aos espanhóis, os trabalhadores portugueses ganhavam menos 800 euros, segundo uma aproximação bruta aos rendimentos mensais na mediana de 2022.

Já em relação à Estónia, os portugueses recebiam em média menos mil euros, uma diferença que aumenta ainda mais quando se compara com os salários pagos em Itália (mais dois mil euros) ou na Irlanda e na Alemanha, que são mais de quatro mil euros todos os meses.

"Os baixos valores da remuneração do trabalho em Portugal podem constituir um desincentivo à qualificação dos mais jovens e à requalificação dos mais velhos e, desse modo, comprometer o esforço de elevação das qualificações dos portugueses", alerta o estudo, que recomenda um reforço das políticas que promovam a formação dos jovens e dos adultos.

"Repare-se que, apesar dos reconhecidos progressos alcançados ao longo das últimas décadas, em 2023, 40,6% dos portugueses possuía, no máximo, um diploma da educação básica, a maior percentagem de baixas qualificações dos 27 países da União Europeia", sublinha o presidente do CNE, Domingos Fernandes.

Apesar do aumento geral de qualificações da população, ainda existem grandes assimetrias regionais, como é o caso do Algarve, dos Açores e da Madeira, onde a escolaridade da população é muito inferior à registada, por exemplo, no norte ou no centro do país.

Recordando os estudos que apontam para o forte impacto da formação dos pais no sucesso académico dos filhos - metade dos jovens "reproduz as baixas habilitações dos progenitores" – os investigadores apelam a medidas que garantam o envolvimento dos adultos em atividades de educação e formação.

"A melhoria consistente das taxas reais de escolarização e de conclusão que se verificam no ensino secundário nas três últimas décadas tem sido relevante para o aumento das qualificações dos jovens adultos", sublinha o presidente do CNE, Domingos Fernandes, no texto introdutório do relatório.

O estudo mostra que é preciso olhar também para os jovens adultos rapazes, uma vez que agora são eles quem mais abandona precocemente a escola, quando há algumas décadas, essa era uma prática mais usual entre as raparigas.

"Subsistem, portanto, dois desafios: incentivar os rapazes a obterem diplomas de estudos mais avançados e desenvolver estratégias que permitam compreender e dirimir as assimetrias regionais", concluem os investigadores.

Também diminuíram os casos de jovens que não estudam nem trabalham: A proporção de jovens entre os 18 e os 24 anos nesta situação passou de 18,3% em 2016 para 13,2% em 2023, ano em que mais de metade (55,3%) ainda estava a estudar e 31,6% estavam a trabalhar.

No ensino superior, o CNE defende um reforço das políticas de atribuição de bolsas aos mais carenciados e o alargamento da oferta de alojamento estudantil a custos acessíveis.

DR
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