O artigo fala de uma condição denominada 'yips', que incide, sobretudo, nos praticantes de basebol, ginástica ou golfe, sendo detetada "quando há uma perda repentina e inexplicável da capacidade de executar certas habilidades".
A maioria das lesões neurológicas sofridas pelos atletas em contexto desportivo são benignas e transitórias, concluiu um trabalho de revisão de um grupo de investigadores da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP).
James Lang-USA TODAY Sports
"A prática desportiva pode estar associada a lesões que afetem as estruturas do sistema nervoso central ou periférico. Felizmente, a maioria das que encontrámos na nossa revisão são benignas e transitórias. Não há propriamente grandes razões para alarme. Apesar de tudo, também estão documentadas algumas lesões graves e permanentes", contextualizou à agência Lusa Rui Araújo, médico neurologista e professor da FMUP.
Intitulado "Está em jogo: uma revisão das lesões neurológicas associadas ao desporto", o artigo publicado naRevista de Ciências Neurológicasidentificou 33 modalidades em 292 publicações científicas que relacionam a prática desportiva a ocorrências daquele foro.
"O estudo não visa analisar questões de incidência [cerca de 2,5% face à globalidade de lesões no desporto], mas permite estabelecer um guia de consulta rápida para os colegas da medicina desportiva, os neurologistas que tratam dos atletas e a própria comunidade, de modo que todos estejam conscientes destas possibilidades", explicou um dos autores do artigo, a par das também médicas e investigadoras Mariana Pedrosa e Bárbara Martins.
As neuropatias periféricas, medulares e cranioencefálicas são as mais reportadas pela comunidade médico-científica, enquanto atletismo, beisebol, futebol, hóquei no gelo, natação ou voleibol emergem como modalidades predominantes no total de ocorrências.
"Excluímos algumas das doenças que aparecem mais na comunicação social, tais como a demência, a esclerose lateral amiotrófica ou outras neurodegenerativas. Fizemo-lo por terem uma perspetiva crónica, ao passo que a nossa análise está mais relacionada com enfermidades agudas do sistema nervoso", observou Rui Araújo.
Entre diversas ocorrências, o artigo fala de uma condição denominada 'yips', que incide, sobretudo, nos praticantes de basebol, ginástica ou golfe, sendo detetada "quando há uma perda repentina e inexplicável da capacidade de executar certas habilidades".
"Não se sabe qual é o mecanismo neurológico subjacente, mas tem a ver com uma afetação transitória da capacidade de mobilidade em tarefas muito específicas. Por exemplo, no golfe, quando o atleta vai dar uma pancada na bola, há ali um certo segundo, quase de desconcentração, em que perde o foco e já não bate com o jeito, velocidade e força que devia", ilustrou.
Rui Araújo encontra paralelismos entre os 'yips' e os 'twisties', fenómeno psicológico de perda momentânea da noção espacial celebrizado por Simone Biles nos Jogos Olímpicos Tóquio2020, em 2021, quando a ginasta norte-americana prescindiu de diversas provas por razões de saúde mental.
"Os 'twisties' são um aspeto neurológico relacionado com aspetos emocionais e fatores de concentração, mas também tem a ver com a distonia, que passa pela contração anómala de determinados grupos musculares numa altura em que não era suposto", agregou.
Convencido de que "há uma consciencialização muito grande" na comunidade desportiva sobre a variedade e extensão das ameaças ao sistema nervoso, o investigador acredita que pode ser intensificada a adoção de "medidas preventivas, protocolos de segurança e equipamentos protetores" para evitar ou diluir a repetição de traumas cranioencefálicos.
"As pessoas querem fazer as coisas em segurança e a prática desportiva traz benefícios muito grandes. Não é pela existência destas alterações que devem ficar desmotivadas. Pelo contrário. O nosso estudo vem dar um bocadinho mais de consciencialização sobre aquilo que está reportado e aconteceu a certos atletas em determinados contextos", finalizou.
Maioria das lesões neurológicas no desporto são benignas
Para poder adicionar esta notícia aos seus favoritos deverá efectuar login.
Caso não esteja registado no site da Sábado, efectue o seu registo gratuito.
Para poder votar newste inquérito deverá efectuar login.
Caso não esteja registado no site da Sábado, efectue o seu registo gratuito.
Brigitte e Emmanuel nada têm a ganhar com este processo que empestará ainda mais a atmosfera tóxica que rodeia o presidente, condenado às agruras políticas de um deplorável fim de mandato
O Chega está no centro do discurso político e comunicacional português, e bem pode o PSD querer demarcar-se a posteriori (e não quer muito) que perde sempre. A agenda política e comunicacional é a do Chega e, com a cloaca das redes sociais a funcionar em pleno
É tempo de clarificação e de explicarmos às opiniões públicas europeias que sem Segurança não continuaremos a ter Liberdade. A violação do espaço aéreo polaco por parte da Rússia, com 19 drones, foi o episódio mais grave da história da NATO. Temos de parar de desvalorizar a ameaça russa. Temos de parar de fazer, mesmo que sem intenção, de idiotas úteis do Kremlin. Se não formos capazes de ajudar a Ucrânia a resistir, a passada imperial russa entrará pelo espaço NATO e UE dentro