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Rodrigo Seabra estreia-se na F1000 com 12 anos: "Adoro isto"

Carlos Torres 06 de maio de 2023 às 11:00

É já este sábado, dia 6, que Rodrigo Seabra se estreia no campeonato da Suécia de Fórmula 1000. O surpreendente é que o piloto português só tem 12 anos, numa prova em que a idade mínima é de 14. Depois do sucesso que tem tido nos karts, onde começou a competir com 7 anos, chegou agora a vez dos monolugares. O sonho dele é chegar à Fórmula 1.

Apesar do frio na Suécia, o dia de treinos livres de Rodrigo Seabra, nesta sexta-feira, dia 5 de maio, "correu muito bem". "Sinto-me muito entusiasmado e confiante. Consegui acompanhar sempre o grupo mais forte e fiz boas ultrapassagens", afirmou o jovem piloto.

"Esta pista é muito técnica e rápida, mas estou a aprender e a evoluir imenso. A cada volta consegui ser ainda mais rápido. Amanhã [hoje, sábado] já começa a contar para a qualificação e vou confiante. Vou dar o meu melhor. Adoro isto", referiu.

O sonho de Rodrigo Seabra é "chegar à Fórmula 1", onde tem como ídolos (do passado) Ayrton Senna e Michael Schumacher, admirando ainda o atual campeão do mundo, o holandês Max Verstappen ("gosto muito da condução dele, mas já não gosto muito da personalidade").

Para já, e para lá chegar, depois da F1000 tem ainda de passar pelas F4, F3 e F2. O pai de Rodrigo, André Seabra, admite que o dinheiro é um problema, sendo que o orçamento desta época vai ser superior a 100 mil euros. E um ano na F4 nunca ficará por menos de 250 mil euros, "a nivelar por baixo".

"O caminho para os monolugares é muito dispendioso, e num país como o nosso não é fácil conseguirmos empresas que nos queiram acompanhar nesse percurso. Atualmente temos o apoio da Remax, num contrato a 10 anos, e ainda do Instituto do Desporto e da Câmara da Maia. Mas o sonho existe e vamos atrás dele, sempre com os pés bem assentes na terra, sabendo que não é fácil e que também traz constrangimentos para a nossa família. Afinal, só no ano passado fizemos 177 viagens de avião", referiu à SÁBADO.

O primeiro passo de Rodrigo para chegar à F1 começa este fim de semana, com a sua estreia no campeonato sueco de Fórmula 1000. Com apenas 12 anos, estreou-se nas corridas de karts com 7 anos. "Os Fórmulas são muito diferentes dos karts, mas estou-me a adaptar bem ao carro, em especial à caixa de velocidades normal, em H", garantiu à SÁBADO ainda em março, num dia de testes no autódromo do Estoril.

Estava previsto que Rodrigo, por esta altura, estivesse a competir nas provas de Karting Internacional. Aliás, já estava tudo acordado com a equipa DPK, do piloto de F1 Fernando Alonso. Mas ele conseguiu uma autorização especial para participar no campeonato sueco de F1000 (a idade mínima é de 14 anos), indo disputar 24 corridas ao longo de oito fins de semana.

Essa exceção só foi possível depois de ter suplantado uma bateria de testes: psicotécnicos, de condução, de engenharia e de telemetria. E graças também aos incríveis resultados que conseguiu nos karts nos últimos três anos, nos quais foi campeão Ibérico, tendo ainda obtido vários pódios e top 10 em países como Bélgica, Itália, Inglaterra ou EUA. Mas o que deixou toda gente incrédula foi a sua performance nos campeonatos da Alemanha, com um 4º lugar e o título de Campeão Rookie.

O pai, André Seabra, lembra que depois disso foi contactado por Dan Suenson, CEO da empresa dinamarquesa Aquila Racing Cars. "Foi em outubro do ano passado e queriam que o Rodrigo fosse lá fazer uns testes. Eu disse-lhe que estava muito lisonjeado, mas não ia dar, porque ele só tinha 11 anos – só fez 12 a 22 de dezembro –, não podia conduzir carros de corrida".

"O Dan ficou espantado por ele ser tão novo e ter aqueles resultados, e disse que iam estar atentos a ele e íamos mantendo o contacto. Só que dali a uma semana ligou-me outra vez, e até já tinham os voos marcados. E lá fomos para a Suécia. Quando vi o carro, com caixa manual, embraiagem, três pedais, pensei: ‘Ui, isto vai ser difícil’. Mas a verdade é que ao segundo dia já parecia que o Rodrigo andava naquele carro há meses. Aliás, ele chegou a fazer uma volta uma décima mais rápida do que o Alx Danielsson, um piloto sueco [campeão do mundo da World Series by Renault em 2006] que vai ser o treinador do Rodrigo no campeonato de F1000".

Rodrigo sempre teve este à-vontade nos carros. O pai recorda a reação de um dos responsáveis do Kartódromo do Cabo do Mundo, em Matosinhos, quando o viu, com 5 anos, na segunda vez que andou de kart. "Viu-o na pista e comentou: ‘Caramba, para quem não tem experiência, ele está fantástico’. E à terceira volta exclamou: ‘Ele já está a fazer tudo a fundo, é impressionante’".

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