Florentino Perez: "Criámos a Superliga Europeia para salvar o futebol"
Presidente do Real Madrid, e da nova competição que junta 12 dos maiores clubes de futebol do mundo, diz que motivação por detrás da Superliga Europeia foi a situação financeira dos clubes. Diz que "Champions apenas se torna atrativa a partir dos quartos-de final" e que, se clubes de topo tiverem dinheiro, esse dinheiro vai para todos porque os jogadores desses clubes são comprados.
Florentino Perez, presidente do Real Madrid e líder da nova Superliga Europeia que quer juntar 12 dos maiores clubes da Europa numa só competição, explicou esta segunda-feira que a situação financeira dos clubes envolvidos foi decisiva para o anúncio da competição.
"Quando não se tem rendimentos para além da televisão, a maneira de tornar o futebol rentável é fazer com que os jogos sejam mais atrativos para serem vistos por adeptos de todo o mundo. Foi assim que começámos a trabalhar. Chegámos à conclusão de que fazendo uma Superliga durante a semana, em vez da Liga dos Campeões, seríamos capazes de recuperar as receitas perdidas", começou por referir o líder do clube espanhol numa entrevista ao programa de televisão espanhol Chiringuito TV.
O presidente dos "merengues" refere perdas da Associação dos Clubes Europeias na ordem dos 5 mil milhões de euros, mas apontou também problemas de competitividade à Liga dos Campeões, que "apenas se torna atrativa a partir dos quartos-de final".
Esta época, o Real Madrid está nas meias-finais da competição, mas nas últimas duas edições da prova foi eliminado na ronda anterior aos quartos, nos oitavos-de-final.
Para Florentino, trata-se de "salvar o futebol": "A Liga dos Campeões perdeu a sua atração, criámos a Super Liga para salvar o futebol. Os direitos televisivos são o que nos dá dinheiro. Esse dinheiro é para toda a gente. Se os clubes de topo têm dinheiro, esse dinheiro vai para todos porque compramos jogadores desses clubes", disse o presidente do Real Madrid.
O responsável da Superliga Europeia criticou também o novo formato da Liga dos Campeões a partir da época 2024/2025, apresentado esta segunda-feira: "Com todo o respeito, mas não o entendo. Ninguém o entende. Não vai produzir mais rendimentos e não vai salvar o futebol. Digo o futebol e digo salvar todos. O Real Madrid não é meu, mas dos sócios. Queremos salvar o futebol, viver com mais tranquilidade. A situação é muito dramática."
A SuperLiga Europeia junta 15 equipas "fundadoras" e 5 equipas convidadas. O clube espanhol, tal como Barcelona, Atlético de Madrid, Manchester United, Manchester City, Chelsea, Arsenal, Liverpool, Tottenham, Juventus, AC Milan e Inter de Milão estão confirmados na competição, abrindo três vagas de "fundadores" para Paris Saint-Germain, Bayern de Munique e Borussia Dortmund, que terão recusado a presença na prova.
As outras cinco equipas serão escolhidas com base no seu desempenho doméstico ou europeu no ano anterior. O FC Porto, que foi a única equipa fora das cinco principais ligas europeias a chegar aos quartos de final da Champions, terá negado conversas informais para participar, segundo Pinto da Costa.
O formato passa por dividir as 20 equipas em dois grupos de dez, com nove jogos em casa e nove jogos fora que começam em agosto. Os três melhores classificados de cada grupo avançam para os quartos, enquanto os 4.ºs e 5.ºs disputam um playoff adicional para decidir quem se junta a estes entre os 8 melhores da "elite europeia". As rondas seguintes acontecerão num formato semelhante às competições da Europa, com quartos e meias a duas mãos em casa e fora e a final a jogo único em terreno neutro.
O presidente da competição é Florentino Perez, presidente do Real Madrid, com Agnelli, da Juventus, Joel Glazer, co-presidente do Man. United, John Henry, diretor do Liverpool e Stan Kroenke, dono do Arsenal, como vice-presidentes.
A organização aponta que os pagamentos serão superiores aos que existem nas competições europeias, esperando "mais de 10 mil milhões de euros durante o período de compromisso inicial dos clubes", com os clubes fundadores a receberem 3,5 mil milhões adicionais como compensação da pandemia da covid-19 e para apoio de planos de investimento em infraestruturas. Por detrás da competição estará o fundo de investimento JPMorgan Chase, que contribuirá com 5 mil milhões de dólares.
Numa resposta em comunicado, a UEFA avisou que excluirá os clubes que integrem uma eventual Superliga europeia de futebol, e que tomará "todas as medidas necessárias, a nível judicial e desportivo" para inviabilizar a criação de um "projeto cínico".
As federações dos países envolvidos - Inglaterra, Espanha e Itália - deixaram o seu apoio para combater a criação da Superliga europeia, e o organismo regulador do futebol europeu assinalou que unirá esforços com as federações e ligas de três das maiores potências da modalidade para "travar este projeto cínico, que é fundado no egoísmo de alguns clubes, numa altura em que a sociedade precisa mais do que nunca de solidariedade".
"Tomaremos todas as medidas necessárias, a nível judicial e desportivo, para impedir que isso aconteça. O futebol é alicerçado em competições abertas e no mérito desportivo. Não poderá ser de outra forma", advertiu a UEFA, apelando a "todos os amantes do futebol, adeptos e políticos, para se juntarem na luta" contra a criação da Superliga europeia.
Em janeiro, a FIFA já tinha avisado, num comunicado conjunto com as confederações do futebol mundial, que impediria de participar nas suas competições qualquer clube ou jogador que integrasse uma eventual competição de elite, disputada por convite por alguns dos maiores clubes europeus.
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